Em carta divulgada no sábado, o ex-ditador chileno Augusto Pinochet justificou o golpe de 11 de setembro de 1973, que derrubou o governo democrático do presidente socialista Salvador Allende, para tirar o Chile do caminho rumo ao marxismo-leninismo e "evitar uma guerra civil com milhares de mortos". Seu governo é acusado pela morte de 3.197 pessoas, a tortura de pelo menos mais 30 mil e o exílio de 200 mil.
A "mensagem de unidade" dirigida a todos os chilenos, "sem exceção", é um reconhecimento tardio do general de que dividiu radicalmente a opinião pública de seu país.
Pinochet lembrou que o mundo estava na Guerra Fria, que "o Chile começava a arder" e que o golpe militar foi necessário porque "a maioria da população era contra a imposição de uma ditadura marxista".
"Como eu gostaria que a ação de 11 de setembro de 1973 não tivesse sido necessária! Como gostaria que a ideologia marxista-leninista não tivesse se interposto em nossa pátria! Como eu gostaria que Salvador Allende não tivesse encubado em seu ideário o propósito de transformar nossa pátria numa peça a mais do tabuleiro ditadorial marxista!", lamenta-se Pinochet, tentando justificar seus crimes.
Depois do golpe, o ex-ditador afirmou ser necessário agir com "o máximo rigor" para evitar o fracasso da ação militar. Assim, argumentou o general Pinochet, foi preciso "empregar diversos procedimentos de controle militar como reclusão provisória, exílio e fuzilamento após julgamento militar".
O facínora admitiu que, "em muitos casos de morte e desaparecimento, é muito possível que jamais se chegue a um conhecimento exato de como e por que ocorreram".
Pinochet concluiu dizendo que não se arrepende dos crimes cometidos mas, se tivesse de repetir sua luta contra a esquerda que tentou exterminar, gostaria de ter "mais sabedoria".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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