sábado, 1 de abril de 2006

Condoleezza Rice admite que EUA cometeram milhares de erros no Iraque

A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, confia no julgamento da História sobre a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, em março de 2006.

Durante visita a Blackburn, no Noroeste da Inglaterra, onde foi alvo de diversas manifestações de protesto, a chefe da diplomacia americana reconheceu que os EUA cometeram "milhares de erros táticos no Iraque, coisas que poderiam ter sido feitas de outra maneira mas não o foram, com certeza. Mas quando olharmos para a História, seremos julgados se tomamos as decisões estratégicas corretas. Do ponto de vista estratégico, acredito firmemente que a decisão de derrubar Saddam Hussein foi correta".

Condi Rice deu uma palestra sexta-feira, 31 de março, na Chatham House de Blackburn, do Royal Institute of International Affairs, ao lado do ministro do Exterior britânico, Jack Straw. E afirmou: "Sem intervenção militar, Saddam Hussein não iria a lugar algum. Não teríamos um Oriente Médio diferente com Saddam no meio".

Mais de 20% da população de Blackburn são muçulmanos. A secretária pretendia ir a uma mesquita. A visita foi cancelada por medo de protestos contra a guerra no Iraque. Com a ajuda da Internet, a comunidade local organizou um movimento "Pare, Condi!"

Ao falar sobre os protestos paficistas, a secretária de Estado foi diplomática: "Não estou surpresa. As pessoas têm posições firmes e têm o direito de protestar. Democracia é isto".

Depois Rice foi a Liverpool, onde visitou o Instituto de Artes Cênicas, restaurado com a ajuda do beatle Paul McCartney, que estudou lá. Na entrada, passou por manifestantes com camisetas dizendo: "Não à tortura". À noite, um dos músicos que tocaria num show a que ela foi cancelou a apresentação em protesto. Outro dedicou Imagine, de John Lennon, aos manifestantes do lado de fora e enxertou na letra versos de outra música de Lennon: "All we are saying/Is give peace a chance" (Tudo o que estamos dizendo é dêem uma chance para a paz).

Mas para o jornal americano The Washington Post, a crítica mais incisiva à invasão do Iraque partiu do ex-ministro das Finanças e do Exterior britânico Douglas Hurd, um conservador que disputou a sucessão de Margaret Thatcher em 1990: "É bem possível acreditar que a democracia seja fundamental. Mas é preciso entender que deve crescer a partir das raízes da sua própria sociedade e que matar milhares de pessoas, muitas inocentes, é inaceitável se cometido por um tirano doméstico ou por uma boa causa".

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