quarta-feira, 26 de abril de 2006

Irã ameaça retaliar EUA no mundo inteiro

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, ameaçou hoje atacar alvos americanos no mundo inteiro se os Estados Unidos bombardearem a república islâmica para destruir seu programa nuclear, suspeito de desenvolver armas atômicas.

"Os americanos devem saber que, se atacarem o Irã, seus interesses serão prejudicados em qualquer lugar do mundo onde seja possível", disse a televisão estatal iraniana, citando o líder espiritual, sucessor do aiatolá Ruhollah Khomeini, que liderou a revolução islâmica em 1979. "A nação iraniana responderá a cada ataque com o dobro da intensidade".

Ontem, o ex-presidente Ali Akbar Hachemi Rafsanjani disse que o programa nuclear iraniano é uma bala que já foi disparada, sugerindo que atingiu um ponto em que não há mais volta. E o atual presidente, o radical Mahmoud Ahmadinejad, declarou que o Irã pode abandonar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear e romper com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Por decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Irã tem até sexta-feira para suspender seu programa de enriquecimento de urânio.

Nesta quarta-feira, o principal negociador iraniano, Gholamreza Aghazadeh, teve um encontro de última hora com o diretor-geral da AIEA, Mohamed el Baradei. Eles estiveram com Olli Heinonen, diretor de salvaguardas da agência, um órgão da ONU.

Mas como observou um diplomata que trabalha junto à sede da ONU em Viena, na Áustria, onde fica a AIEA, é positivo que Heinonen fale com Aghazadeh mas "o que quer que ele diga não haverá tempo suficiente para que inspetores possam conferir antes da conclusão do relatório" a ser encaminhado ao Conselho de Segurança.

Os EUA, com o apoio da Europa, querem impor sanções ao Irã, que neste caso pode retaliar suspendendo as exportações de petróleo para países que considere hostis. Isto causaria mais tumulto no já conturbado mercado internacional de petróleo, onde o agravamento da crise do Irã fez o preço do barril passar de US$ 75.

A China e a Rússia, potências com poder de veto no Conselho de Segurança são contra a aplicação de sanções ao Irã. O governo de Beijim rejeitou um anteprojeto de resolução que está circulando informalmente para consultas dentro do CS.

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