quinta-feira, 6 de abril de 2006

Bilhões da Fronteira Tríplice financiam terrorismo

A procuradoria do distrito de Manhattan fechou nesta semana uma conta bancária em Nova Iorque que seria usada para lavar dinheiro sujo procedente do Uruguai e distribuí-lo entre grupos terroristas como Al Caeda, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) palestino e o Hesbolá, o Partido de Deus xiita do Líbano. Somente nos últimos dois anos, cerca de US$ 3 bilhões de negócios ilícitos realizados na fronteira triplice entre Brasil, Argentina e Paraguai junto à Foz do Iguaçu foram enviados a uma conta no Bank of America através da Cambio Gales/Lespan, com sede em Montevidéu.

Da conta nos Estados Unidos, o dinheiro teria ido para Riad, capital da Arábia Saudita; Beirute, no Líbano; e Ramala, na Cisjordânia.

“Não posso prender Ossama ben Laden mas posso tentar cortar-lhe os fundos”, declarou o procurador de Manhattan, Robert Morgenthau, ao jornal sensacionalista The New York Post, que revelou o fechamento da conta. Ele não identificou as empresas envolvidas mas estaria conversando com o Bank of America, o segundo maior dos EUA, para que colabore com a investigação, que já dura três anos. Não está sendo acusado de cumplicidade mas está sujeito a multas pesadas por falhas administrativas.

Até o momento não foi apresentada denúncia alguma. O caso está sob investigação desde 1984, quando Morghentau descobriu que uma empresa financeira nova-iorquina, Beacon Hill Services, trasferira fundos suspeitos provenientes do Cone Sul da América do Sul a contas no Chase Manhattan e outras instituições.

Há muito tempo os EUA consideram a Tríplice Fronteira um foco de atividades ilícitas – prostituição, tráfico de drogas, contrabando, extorsão mediante seqüestro. Embora não haja provas concretas de que grupos terroristas atuam na região para arrecadar dinheiro, suspeita-se que sirva de centro de financiamento e recrutamento tanto para grupos latino-americanos, como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), quanto para a rede Al Caeda, liderada por Ben Laden.

Desde os atentados de 11 de setembro de 2001, a preocupação americana aumentou. Em julho de 2004, o Departamento do Tesouro dos EUA identificou Assad Ahmad Barakat, do Hesbolá, como um dos “financiadores-chaves do terrorismo na América do Sul. Numa operação conjunta, o FBI, a polícia federal americana, e o governo paraguaio prenderam o traficante brasileiro Carlos Ivan Mendes Mesquita, acusado de ser sócio das FARC.

No ano passado, entraram na Argentina via Puerto Iguazú membros do movimento fundamentalista muçulmano Jamaat al-Tabligh, ligado a Al Caeda. Nos anos 90, dois alvos israelenses foram atacados em Buenos Aires. As suspeitas sempre recaíram sobre grupos terroristas do Oriente Médio infiltrados via Tríplice Fronteira.

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