Uma manifestação convocada pelos moradores da cidade argentina de Gualeguaychú e por ecologistas argentinos e uruguaios reuniu cerca de 100 mil pessoas neste domingo para protestar contra a instalação de duas fábricas de papel e celulose em Fray Bentos, no Uruguai, na margem oriental do Rio Uruguai.
No dia 5 de maio, quando a Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas começa a examinar em Haia, na Holanda, o caso apresentado pela Argentina por uma suposta violação do tratado bilateral sobre o uso compartilhado do Rio Uruguai, o presidente argentino, Néstor Kirchner, pretende reunir todos os governadores argentinos em Gualeguaychú para mostrar que se trata de uma questão nacional e não de uma picuinha de um líder autoritário. A Argentina exige a suspensão das obras por 90 dias para a realização de um estudo de impacto ambiental, já que fábricas de papel e celulose podem poluir a água e o ar.
Em entrevista ao jornal La Nación, o ex-presidente uruguaio Jorge Battle criticou a proposta de Kirchner de pagar os salários dos operários uruguaios durante a paralisação das obras dizendo que "o Uruguai não é mais uma província argentina". Acrescentou que "a melhor alternativa é sair do Mercosul".
Como parte mais fraca nesta briga, o Uruguai pediu a convocação do Conselho Consultivo do Mercosul, apelou à ONU e à Organização Mundial do Comércio. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou mediar a chamada 'guerra das papeleiras' mas, diante da rejeição argentina, que a considera uma questão bilateral, recuou.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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