quinta-feira, 6 de abril de 2006

Ex-assessor acusa Bush e Cheney de autorizar vazamento de informações confidenciais

O ex-chefe de gabinete do vice-presidente dos Estados Unidos Lewis Libby declarou que tanto o presidente George Walker Bush quanto seu vice, Dick Cheney, autorizaram o vazamento de informações confidenciais para defender a decisão de invadir o Iraque. Mas não disse, em depoimento aos procuradores que investigam a revelação do nome da agente secreta Valerie Plame, se foram responsáveis por este crime. Em 10 de junho de 2004, Bush prometeu punir qualquer funcionário de seu governo responsável pela divulgação de informações sigilosas.

Valerie Plame é mulher do embaixador Joseph Wilson, enviado ao Níger, na África, no início de 2002 para investigar uma alegação do serviço secreto italiano de que o então ditador do Iraque, Saddam Hussein, teria tentado comprar combustível nuclear naquele país africano. Seu relatório, encaminhado à Casa Branca em 9 de março de 2002, concluiu que a alegação era falsa.

Mesmo assim, no discurso sobre o Estado da União de 28 de janeiro de 2003, preparando os EUA para a guerra, Bush afirmou que Saddam teria tentado comprar urânio no Níger, atribuindo a informação ao serviço secreto britânico.

Em 7 de março de 2003, duas semanas antes da invasão, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Mohamed elBaradei, descreveu um documento sobre a suposta tentativa de compra de urânio pelo Iraque como "uma falsificação grosseira".

O Iraque foi duramente bombardeado a partir de 20 de março de 2003 e invadido logo em seguida. Saddam Hussein caiu em 9 de abril. Quando ficou evidente que o Iraque não tinha as armas de destruição em massa citadas para justificar a invasão, Wilson publicou artigo no jornal The New York Times argumentando que suas informações tinham sido "distorcidas" para exagerar a "ameaça" iraquiana.

Dias depois, o marqueteiro de Bush, Karl Rove, e Libby, discutindo a questão com repórteres, comentaram que Plame poderia ter influenciado a indicação do marido para a missão já que era “uma agente secreta que operava na área de armas de destruição em massa”. A notícia foi publicada pelo colunista conservador Robert Novak em 14 de julho, deflagrando o Plamegate. A identidade de um espião é um segredo de Estado garantido em nome da
segurança nacional dos EUA.

Irritado, George Tenet, diretor da CIA (Agência Central de Inteligência), que revelara a identidade de Plame a Cheney, ordenou a abertura de inquérito. Em 27 de outubro do ano passado, o procurador Patrick Fitzgerald denunciou Lewis Libby Jr. com uma acusação de obstrução de justiça, duas de perjúrio (mentir sob juramento) e duas de falso testemunho. Ele pode pegar até 30 anos de prisão e multa de US$ 1,5 milhão.

Nada aconteceu com Novak mas Matthew Cooper, da revista Time, foi obrigado a revelar sua fonte e Judith Miller, do New York Times, ficou presa durante 80 por se negar a depor como testemunha. Sob juramento, seria obrigada a revelar a fonte.

As fontes eram Rove e Libby.

O governo Bush reagiu duramente contra os vazamentos na Casa Branca quando The New York Times revelou o esquema de escuta telefônica ilegal ordenado por Bush em nome da segurança nacional. Agora terá de explicar melhor o vazamento de sua própria autoria.

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