É o momento mais infame e degradante da História da Humanidade. Em Auschwitz, 1,5 milhão de pessoas, na maioria judeus, morreram nas câmaras de gás ou por outros métodos de matar. Seus corpos foram queimados em fornos crematórios. Mas a memória do Holocausto que marcou a Segunda Guerra Mundial (1939-45) precisa ser preservada. Um grupo de historiadores está se mobilizando para preservar a fábrica dos fornos e dos sistemas de ventilação dos campos de concentração.
A fábrica da Topf & Söhne, abandonada há 10 anos, fica a apenas 15 minutos a pé do centro da cidade de Erfurt, na antiga Alemanha Oriental. Está entregue aos sem-teto, aos grafiteiros e à fúria da natureza. Algumas paredes desabaram. O teto está cedendo. Há poucas janelas intactas. Um grupo de squatters (invasores de casas abandonadas) tinha ocupado as ruínas do prédio, onde realizava concertos de punk rock.
Lá foram fabricados os fornos e os sistemas de ventilação das câmaras de gás de Auschwitz. É um pedaço da trágica História da Alemanha que se deteriora, talvez na busca de um esquecimento impossível.
Há anos as autoridades locais evitam o problema. O memorial do vizinho campo de concentração de Buchenwald já atrai uma atenção sobre o Holocausto que perturba a cidade. Surgiu então um movimento de historiadores para pressionar a Prefeitura de Erfurt e o Governo do Estado da Turíngia.
Se o estado resolveu não fazer nada, Erfurt está decidida a preservar a memória deste passado sombrio. “Estamos negociando para comprar parte da propriedade”, contou Wolfgang Zweigler, funcionário da prefeitura, à revista alemã Der Spiegel. O dono atual, desde a falência da Erfurter Mälzerei und Speicherbau, nome da Topf & Söhne no pós-guerra, é o Erfurter Bank.
O projeto é criar um memorial onde ficaria em exibição permanente a exposição Os Engenheiros da Solução Final, criada em Buchenwald, que está rodando pela Alemanha. Já esteve no Museu Judaico em Berlim.
A historiadora Annegret Schüle, que está escrevendo um livro sobre a fábrica, tem até 2007 para desenvolver o projeto. Será o primeiro memorial do Holocausto na Alemanha relembrando o papel da indústria alemã na máquina de matar nazista.
A Topf & Söhne nasceu em 1878 como uma indústria de fornos industriais, máquinas de fazer cerveja e chaminés. Nos anos 1920, começou a produzir fornos crematórios.
Quando os nazistas precisaram de um método eficiente para se livrar dos milhões de cadáveres de suas vítimas, os engenheiros da companhia visitaram os campos de concentração de Auschwitz, Buchenwald e Dachau. Eles orientaram a instalação dos fornos crematórios e dos sistemas de ventilação por onde o gás era introduzido nas câmaras de gás.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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