domingo, 23 de abril de 2006

Uruguai insiste em mediação do Mercosul no conflito com Argentina

BUENOS AIRES - O ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Reinaldo Gargano, afirmou que a resistência argentina em negociar a guerra das papeleiras no âmbito do Mercado Comum do Sul (Mercosul) está "lesionando a institucionalidade" do bloco econômico. Já a Argentina acusou o Uruguai de ameaçar o bloco por ter interesse em negociar um acordo com os Estados Unidos.

Em entrevista à rádio El Espectador, o chanceler uruguaio pediu à Argentina, que ocupa a presidência rotativa do bloco, que convoque o Conselho Consultivo do Mercosul. O Uruguai alega prejuízos econômicos porque duas estradas que o ligam à Argentina estao bloqueadas por manifestantes que protestam contra a construção de duas fábricas de papel e celulose em Fray Bentos, na margem oriental do Rio Uruguai.

No sábado, a assembléia dos habitantes de Gualeguaychú decidiu manter o bloqueio da fronteira até o próximo domingo, quando ecologistas dos dois países pretendem realizar uma grande manifestação de protesto. A partir de 1 de maio, a fronteira deve ser reaberta.

O chanceler disse que terça-feira termina o prazo para uma conciliação entre os dois países, tornando-se necessária a partir daí a intervenção do Mercosul.

Cada vez mais irritado com o Uruguai, o governo argentino, que exige a suspensão das obras por 90 dias para a realização de um estudo independente de impacto ambiental, criticou duramente "os países querem firmar acordos de livre comércio com os EUA", numa referência indireta ao Uruguai e ao Paraguai: "Somos nós, Brasil e Argentina, que temos maior responsabilidade para administrar os problemas da regiao. Nossa união, mesmo com inconveniencias e divergências, é forte e o será mais. Se os países cuja base econômica é a evasão de impostos querem firmar acordos com os EUA, que o façam e que se vão de uma vez", declarou um diplomata argentino ao jornal Página 12.

O Uruguai recorreu pedindo a reabertura da fronteira à Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas, que fará a primeira audiência sobre o caso em 5 de maio.

Também no começo de maio, o presidente do Uruguai, Tabaré Vásquez, será recebido em Washington pelo presidente George W. Bush e deve manifestar interesse em negociar um acordo de livre comércio com os EUA, o que seria um duro golpe no Mercosul.

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