Depois de semanas de apuração, o ex-presidente Alan García conquistou o direito de disputar o segundo turno da eleição presidencial peruana contra o ex-oficial golpista Ollanta Humala, apoiado pelos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Evo Morales. Ele superou a candidata direitista Lourdes Flores por menos de 100 mil votos na eleição de 9 de abril.
García recebeu de imediato o apoio do escritor Mario Vargas Llosa, um de seus maiores críticos no passado. Vargas Llosa, que perdeu a eleição de 1990 para Alberto Fujimori, propôs uma aliança entre García e Flores no segundo turno: "Para que o Peru não se afunde cada vez mais no autoritarismo militarista representado por Ollanta Humala, não há outro caminho a não ser uma aliança imediata". E acrescentou: "Digo isso sem a menor alegria, como sabem todos que conhecem minhas críticas ao desastroso governo de García entre 1985 e 1990".
O ex-presidente deixou uma hiperinflação e 80% da população ativa desempregada ou subempregada, além de uma guerra civil contra os grupos terroristas Sendero Luminoso e Movimento Revolucionário Tupac Amaru em que pelo menos 75 mil pessoas foram mortas.
Fujimori acabou tanto com a inflação quanto com a guerrilha mas deu um golpe de Estado, dissolvendo o Legislativo e intervindo no Judiciário. Acabou fugindo do país e se exilando no Japão. Tentou voltar e ser candidato este ano. Foi preso no Chile. Mas sua filha foi a deputada mais votada, num sinal de que o fujimorismo, outra forma de autoritarismo, está vivo no Peru.
No primeiro turno, Humala, líder da uma tentativa de golpe contra Fujimori, teve quase 31% dos votos. García ficou um pouco abaixo dos 25% e Flores não chegou a 24%. Mas acredita-se que uma aliança destes dois consiga bater o candidato ultranacionalista, que assusta o mercado com sua ameaça de nacionalizar os recursos naturais do país, seguindo o modelo chavista.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário