Sete meses depois de dizer que Israel deve ser varrido do mapa, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou que o país é uma ameaça para os países muçulmanos. "O regime sionista é uma árvore seca e podre, que está morrendo e será aniquilada por uma tempestade. Seus ramos logo serão quebrados".
Apesar desta suposta fraqueza, durante conferência em Teerã nesta sexta-feira, Ahmadinejad declarou que "a existência do regime sionista é uma imposição e uma ameaça sem restrições nem fim e nenhum dos países muçulmanos da região pode se sentir seguro diante desta ameaça."
Este tiroteio verbal é mais inquietante porque Ahmadinejad anunciou nesta semana que o Irã conseguiu enriquecer urânio para usar como combustível nuclear para fins pacíficos. Mas as Nações Unidas suspeitam que o regime fundamentalista da república islâmica esteja desenvolvendo bombas atômicas. A questão está sendo examinada pelo Conselho de Segurança da ONU.
O chefe do serviço secreto das Forças Armadas de Israel, general Amos Yadlin, teme que o Irã possa fabricar uma arma nuclear em 10 anos. Por isso comenta-se que os EUA ou Israel poderiam lançar um bombardeio aéreo limitado para tentar destruir as instalações nucleares iranianas.
Na quinta-feira, depois que Ahmadinejad anunciou o enriquecimento de urânio, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, pediu ao Conselho de Segurança que aprova uma resolução contra o Irã com base no Capítulo 7 da Carta das Nações Unidas, que autoriza o uso da força.
Em dezembro, Ahmadinejad colocou em dúvida o Holocausto dos judeus na Segunda Guerra Mundial: "Criaram o mito de que os judeus foram massacrados e colocam isso acima de Deus, da religião e do profeta. Se vocês queimaram judeus, arrumem lugar para eles nos Estados Unidos, na Europa, no Canadá ou no Alasca". Ele perguntou ainda se a questão palestina não equivale ao Holocausto.
"Este é o tipo de retórica que só aumenta o medo e as preocupações da comunidade internacional", declarou Sean McCormack, porta-voz do Departamento de Estado americano. "É um chefe de Estado pregando a aniquilação de outro Estado."
Numa pesquisa divulgada no jornal Los Angeles Times, 48% dos americanos apoiaram o uso da força se o Irã estiver produzendo material para fazer armas atômicas, enquanto 40 se opuseram a uma ação militar. Se os EUA atacarem o Irã, 44% querem empregar apenas mísseis e aviões bombardeiros, não forças terrestres. De qualquer maneira, 61% acreditam que o Irã conseguirá fabricar armas nucleares.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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