O preço do petróleo subiu US$ 1,08 hoje na Bolsa Mercantil de Nova Iorque, fechando na cotação recorde de US$ 70,40 por barril (159 litros). Em Londres, o petróleo do tipo Brent, do Mar do Norte, terminou o dia no recorde de US$ 71,46 por barril.
Entre as causas desta alta, estão a crise envolvendo o programa nuclear do Irã, a guerra no Iraque, a sabotagem de guerrilheiros numa região produtora da Nigéria e a queda dos estoques de gasolina nos Estados Unidos. Com estes problemas geopolíticos de difícil solução e o consumo aumentando por causa do crescimento da China e da Índia, é improvável uma queda de preços significativa.
As cotações do petróleo no mercado futuro chegaram a US$ 70,85 quando o furacão Katrina atingiu o Golfo do México, em 30 de agosto de 2005. Desde o início deste ano, subiram 15%.
Em termos reais, levando-se em conta a desvalorização do dólar, os preços do petróleo estiveram mais altos durante o segundo choque do petróleo, provocado pela revolução islâmica no Irã, em 1979. Em abril de 1980, o preço do petróleo atingiu o que seria equivalente a US$ 97,21 de hoje.
Agora, a suspeita de que o Irã esteja desenvolvendo armas nucleares e o risco de uma ação militar dos Estados Unidos ou de Israel voltam a provocar tensão no mercado. O Irã não é o Iraque, tem 70 milhões de habitantes, Forças Armadas muito mais desenvolvidas com ajuda americana durante o reinado do xá Reza Pahlevi (1953-79) e capacidade de retaliação com terroristas suicidas. No domingo, o jornal inglês The Sunday Times disse que há há 40 mil voluntários do martírio alistados para atacar alvos americanos e britânicos.
"Se a questão for resolvida pacificamente, é certo que a cotação cairá em alguns dólares", comentou Lee Fader, do banco ABN Amro.
Na Nigéria, o suprimento caiu em 500 mil barris por dia devido à sabotagem de grupos rebeldes. O Iraque não consegue formar um governo e sua produção hoje é inferior à do regime de Saddam Hussein.
Como a demanda global para este ano está estimada em 85 milhões de barris por dia e o excesso de capacidade é de apenas 1,9 milhão de barris/dia, qualquer ameaça de queda na oferta deixa o mercado nervoso.
Além dos riscos na oferta e do aumento da demanda, The Wall St. Journal observa que os fundos de investimento estão entrando em massa no mercado de trabalho. Isto ajuda a manter a cotação elevada.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário