A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) apresentou relatório hoje ao Conselho de Segurança das Nações Unidas informando que o Irã não está colaborando com a fiscalização de seu programa nuclear e que não suspendeu o enriquecimento de urânio, como exige a ONU. Ao contrário, acelerou-o.
Os Estados Unidos acusam o regime fundamentalista de Teerã de acelerar as pesquisas para enriquecimento de urânio para desenvolver armas atômicas. Devem propor uma resolução aplicando sanções ao Irã na próxima semana, provavelmente na quarta-feira, depois de uma reunião terça-feira em Paris, na França, das grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança.
Se a resolução for baseada no Capítulo 7 da Carta da ONU, como quer o embaixador americano junto às Nações Unidas, John Bolton, poderá prever inclusive o uso da força. Mas a China e a Rússia, que têm direito de veto, resistem à aplicação de sanções e não admitem o uso da força.
Hoje terminou o prazo dado pela ONU para que o Irã suspendesse o enriquecimento de urânio. O documento divulgado hoje não afirma que a república islâmica está desenvolvendo armas atômicas. Mas o embaixador John Bolton, um notório linha-dura, apontou vários indícios para justificar a posição americana.
"O Irã está tentando fabricar urânio com características de quem quer produzir uma ogiva nuclear", afirmou Bolton. "Também ameaçou abandonar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear. Se seu programa fosse exclusivamente para fins pacíficos, não precisaria abandonar o TNP".
Em 11 de abril, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, anunciou que o país conseguiu enriquecer urânio no teor necessário para usinas atômicas de geração de energia. Os EUA alegam que o Irã, que tem a terceira maior reserva mundial de petróleo, não precisa de energia nuclear mas o governo de Teerã insiste em que é um direito.
Nesta semana, o ex-presidente iraniano Ali Akbar Hachemi Rafsanjani disse que o programa nuclear do país chegou a um ponto que não tem volta. Ou seja, já acumulou conhecimento suficiente para dominar o ciclo completo do urânio. Isto lhe permitiria fabricar armas nucleares.
O presidente dos EUA, George Walker Bush, comentou que a AIEA deu um alerta ao mundo, que "está unido e preocupado" com as supostas ambições nucleares do Irã. Bush não descarta o uso da força contra Teerã. Pode ordenar um bombardeio aéreo e de mísseis contra instalações nucleares iranianas ainda este ano, embora especialistas acreditam que o Irã ainda precise de mais cinco ou dez anos para fazer a bomba atômica.
Se for alvo de sanções, o Irã ameaça reagir parando de vender petróleo a países que apoiarem a medida. Se for bombardeado, promete retaliar atacando alvos americanos no mundo inteiro, inclusive com ações terroristas. Milhares de iranianos estão se alistando como voluntários para cometer atentados terroristas suicidas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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