quinta-feira, 27 de abril de 2006

China aumenta juros para esfriar economia

A China aumenta na sexta-feira sua taxa básica de juros pela primeira vez desde outubro de 2004, passando-a de 5,58% para 5,85% ao ano. É uma alta moderada, de apenas 0,27 ponto percentual. Foi o suficiente para afetar o mercado. Gerou um temor de que a redução no extraordinário crescimento econômico diminua as importações chinesas de produtos primários, provocando queda nas bolsas européias no início do pregão e no mercado futuro nos Estados Unidos. Mas os economistas não acreditam numa forte redução da expansão chinesa, de 10,2% ao ano no primeiro trimestre de 2006, o que tornaria estes temores exagerados.

Com a alta dos juros, a moeda chinesa, o iuã, tende a se valorizar, uma das exigências dos EUA, preocupados com o déficit no comércio bilateral, que chegou a US$ 202 bilhões em 2005. Sob pressão americana, Beijim desvalorizou o iuã em 2,1% em julho mas desde então só permite flutuações de mais ou menos 1%.

A inflação está sob controle, abaixo de 1% ao ano, ao contrário do que acontecia em 2004, quando estava em torno de 5%, pressionada pela escassez de energia e de transportes. Na época, o governo chinês reagiu construindo portos, estradas e centrais elétricas. Hoje há um excesso de oferta de imóveis e de produtos manufaturados.

Os economistas esperam agora novas medidas para desaquecer a economia chinesa, por exemplo, aumento da porcentagem de dinheiro que os bancos devem depositar no banco central, reduzindo o montante que pode ser emprestado. A elevação dos juros fora recomendada pelo Fundo Monetário Internacional na sua recém-publicada Perspectiva para a Economia Mundial.

No momento, as previsões são de uma pequena redução no crescimento, estimado em 9,6% este ano pelo economista Frank Gong, especialista em China do banco de investimentos JP Morgan.

Enquanto isso, o presidente Hu Jintao visita a África, onde assinou um acordo sobre energia com a Nigéria, indicando que a voracidade da economia chinesa por produtos primários tende a se manter. A China está buscando uma parceria estratégica com a África, onde concorre cada vez mais com os EUA pelo suprimento de energia e de matérias-primas.

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