sábado, 29 de abril de 2006

Berlusconi renuncia na terça-feira abrindo caminho para o governo Romano Prodi

O primeiro-ministro conservador italiano, Silvio Berlusconi, finalmente admite sua derrota nas eleições de 9 e 10 de abril. Depois de perder uma tumultuada eleição para a presidência do Senado, ele anunciou que vai renunciar ao cargo numa reunião do gabinete marcada para terça-feira. Isto abrirá caminho para o ex-primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Européia (órgão executivo da União Européia) voltar à chefia do governo, que ocupou de 1996 a 1998.

A União, de centro-esquerda, venceu as eleições para a Câmara por pouco mais de 25 mil votos sobre a Casa das Liberdades, a coalizão direitista chefiada por Berlusconi. Terá 347 deputados do total de 630 graças à legislação introduzida por Berlusconi, que dá um bônus ao partido vencedor para que o governo tenha uma maioria capaz de garantir a governabilidade.

No Senado, Prodi tem apenas duas cadeiras a mais do que a direita. A confusão desta sexta-feira na eleição para presidente do Senado foi uma indicação das dificuldades que o futuro governo terá.

O sindicalista Franco Marini, de 73 anos, só foi eleito presidente do Senado na madrugada deste sábado na quarta votação contra o ex-primeiro-ministro Giulio Andreotti, de 87 anos, indicado por Berlusconi, por 165 contra 156 votos. Andreotti liderou a Democracia Cristã e foi várias vezes primeiro-ministro mas caiu em desgraça com os escândalos de corrupção revelados pela Operação Mãos Limpas no início dos anos 80.

A segunda votação foi anulada porque três deputados escreveram na cédula Francesco em vez de Franco Marini. Isto despertou suspeitas de que fosse um erro proposital.

O presidente da Câmara e do Congresso será Fausto Bertinotti, de 66 anos, líder da Refundação Comunista, um dos radicais da coligação de Prodi. Também foi eleito na quarta votação. Nas anteriores, precisava de 75% dos votos.

Foram os primeiros testes para a coligação de Prodi, que inclui dois partidos comunistas. Mostraram as dificuldades que o futuro governo terá para fazer as reformas necessárias para reestimular a estagnada economia italiana, que cresceu em média 0,8% nos cinco anos do governo Besluconi (2001-06).

Bertinotti é contra qualquer reforma da legislação trabalhista que reduza direitos e garantias sociais. Quer inclusive revogar a Lei Biaggi, que permite contratações por curto prazo, uma das poucas reformas aprovadas pelo governo Berlusconi.

Antes da formação do novo governo, o Congresso deve eleger o novo presidente da Itália.

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