terça-feira, 12 de junho de 2018

URSS: Exército Vermelho foi decisivo na Segunda Guerra Mundial

A Segunda Guerra Mundial é conhecida na Rússia como a Grande Guerra Patriótica. A União Soviética perdeu 27 milhões de pessoas na guerra e o Exército Vermelho foi fundamental, derrotou mais de 80% das tropas da Alemanha nazista na frente oriental. 
Às vésperas do início da Segunda Guerra Mundial, a URSS e a Alemanha fizeram um acordo de não agressão, o Pacto Germano-Soviético, assinado em 23 de agosto de 1939 pelos ministros do Exterior Joachim von Ribbentrop e Viacheslav Molotov.
Na prática, os dois países dividiram a Europa Oriental em esferas de influência. Stalin precisava ganhar tempo para reorganizar o Exército Vermelho depois do grande expurgo de 1937. Três dos cinco marechais, 13 dos 15 generais-de-exército, 50 dos 57 generais-de-divisão e 6 dos 7 almirantes haviam sido expulsos.

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Em 1º de setembro de 1939, a Alemanha invadiu a Polônia, dando início à Segunda Guerra Mundial. 
A URSS invadiu o Leste da Polônia no dia 17. Em 29 de setembro de 1939, soviéticos e alemães dividiram a Polônia, como Catarina, a Grande, da Rússia, e Frederico, o Grande, da Prússia, tinham feito em 1793 e 1795.
Em 30 de novembro de 1939, a URSS atacou a Finlândia e tomou a região da Karelia. As repúblicas bálticas da Estônia, Letônia e Lituânia foram anexadas como repúblicas soviéticas em agosto de 1940.

MASSACRE DA KATYN

Quando a URSS invadiu o Leste da Polônia, prendeu todo o oficialato do Exército da Polônia, os policiais, agentes e outros cidadãos. De nada adiantaram os apelos para libertá-los dois anos mais tarde, quando a Alemanha invadiu a Rússia e a URSS entrou na guerra ao lado dos aliados.
Em 1943, a Alemanha anunciou a descoberta de cemitérios clandestinos na Floresta de Katyn, perto da cidade de Smolensk, na Rússia. Só na era Gorbachev, em 1990, a URSS admitiria a verdade.
Cerca de 22 mil poloneses, sendo 8 mil oficiais do Exército e 6 mil policiais, foram executados pela polícia secreta stalinista NKVD com um tiro na nuca em abril e maio de 1940. O massacre fora proposto pelo chefe da NKVD, Laurenti Beria, em 5 de março de 1940, e aprovado por Stalin.
Em novembro de 2010, a Duma do Estado (Câmara dos Deputados) da Rússia aprovou moção responsabilizando Stalin pelo massacre.

OPERAÇÃO BARBAROSSA

Hitler rompeu o Pacto Germano-Soviético e invadiu a URSS em 22 de junho de 1941, na maior e mais feroz campanha militar da história, com 3 mil tanques, 7 mil peças de artilharia, 4,5 milhões de soldados, 600 mil veículos e 700 mil cavalos, abrindo uma frente de combate de 2,9 mil km, a Frente Oriental.
O objetivo era tomar rapidamente a parte europeia da União Soviética. O nome Operação Barbarossa foi homenagem ao rei Frederico Barbarossa, do Sacro Império Romano-Germânico, que liderou a Terceira Cruzada ao lado de Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra, e Felipe Augusto, da França.
Durante o planejamento da invasão, os generais alemães disseram a Hitler que não tinham condições de cuidar de prisioneiros. O inimigo capturado seria fuzilado. Stalin, por outro lado, proibiu os soldados soviéticos de recuar. Quem recuasse seria fuzilado.
Os alemães invadiram pela Prússia Oriental rumo a Leningrado, no Norte; na direção de Smolensk, na Rússia, a caminho de Moscou, no Centro; e através do Sul da Polônia entraram na república soviética da Ucrânia rumo a Kiev.

CERCO DE LENINGRADO

A resistência heroica da antiga capital do Império Russo, berço da revolução, sede da Frota do Mar Báltico, foi um dos episódios marcantes da Segunda Guerra Mundial. De 8 de setembro de 1941 a 27 de janeiro de 1944, a cidade foi cercada e bombardeada por forças nazistas. Mas não se rendeu.
O bombardeio inicial causou 178 incêndios. A Finlândia, que se aliara a Hitler contra a URSS, ameaçava invadir pela Carélia.
Em 2 de setembro de 1942, a ração dos trabalhadores foi reduzida para 600g de pão por dia. As quantidades foram reduzidas mais quatro vezes até 20 de novembro. O uso de energia elétrica foi proibido, a não ser no quartel-general e nas bases militares.
Durante o cerco do Leningrado, a escassez era tanta que surgiu um comércio clandestino de carne humana. As famílias proibiam seus filhos jovens de sair à rua. Hitler declarou que Leningrado deveria morrer de fome.

BATALHA DE STALINGRADO

A Alemanha avançou na Frente Leste até ser derrotada na Batalha de Stalingrado, talvez a mais importante da História, com 2 milhões de baixas entre mortos, feridos e desaparecidos. 
De 23 de agosto de 1942 a 2 de fevereiro de 1943, cinco meses, uma semana, e três dias, soviéticos e nazistas lutaram pelo controle da cidade à margem do Rio Volga, hoje rebatizada como Volgogrado. Lá começou o contra-ataque do Exército Vermelho até a tomada de Berlim, em 8 de maio de 1945, fim da guerra na Europa.

MORTOS

Dos cerca de 55 milhões de mortos de Segunda Guerra Mundial, 27 milhões eram soviéticos e 11 milhões alemães. No livro A Era dos Extremos, o historiador britânico Eric Hobsbawm argumentou, a julgar pelo fraco desempenho do Exército czarista na Primeira Guerra Mundial, se não fosse pela Revolução Comunista e seu Exército Vermelho, Hitler não teria sido derrotado.
Mais de 80% das tropas alemãs foram derrotadas na Frente Oriental, ensinou Hobsbawm. A julgar pelo número de mortos, a Segunda Guerra Mundial foi um conflito sobretudo entre a Alemanha e a URSS. Mas é importante notar que os EUA e os aliados ajudaram os soviéticos com uma ponte aérea militar até o Irã, de onde os suprimentos seguiam por terra até a frente oriental.
Somando-se as duas guerras mundiais, as revoluções, a guerra civil, a coletivização da agricultura e as perseguições, estima-se que 70 milhões de homens tenham sido mortos na URSS. É mais de um terço de total estimado de mortos em guerras no século 20, mais de 190 milhões. Só em 1988, a população voltou a ser equilibrada entre os dois sexos.
A caminho de Berlim, o Exército Vermelho libertou Auschwitz-Birkenau e outros campos de concentração e centros de extermínio. Mas, depois da guerra, Stalin manteve a ocupação dos países da Europa Oriental como uma zona de proteção, formando o Bloco Soviético, que se opôs aos EUA e seus aliados da Europa Ocidental na Guerra Fria.

2 comentários:

Antonio Villeroy disse...

Bom dia, Nelson. Acho que na pressa, ocorreu um lapso na sua postagem. O Pacto Germano Soviético foi celebrado em 1939 (antes da 2ª guerra) e não em 1945 (quando a guerra acabou), como está no texto. Com certeza você sabe disso, mas, para os leigos que visitam sua página, é bom corrigir.

Muito bom o histórico que vc fez da Rússia.
Abraço

Nelson Franco Jobim disse...

Obrigado pela correção e pelo elogio. Fiz para um curso interno de treinamento da Globo antes da Copa no Brasil e atualizei agora. Ia publicar como livro digital via Saraiva, mas eles não conseguiram fazer em tempo.