Ao enrijecer os glóbulos vermelhos infectados pelo parasita causador da malária, o medicamento anti-impotência Viagra ajuda a eliminá-lo do sangue, reduzindo o risco de transmissão da doença. A conclusão é de um estudo divulgado hoje do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas da França (CNRS), da Universidade de Paris Descartes, do Instituto Pasteur e da Faculdade de Higiene e Medicina Tropical da Universidade de Londres.
O plasmodium falciparum, protozoário causador do tipo de malária mais agressivo, tem um ciclo de desenvolvimento complexo realizado em parte no mosquito anofeles e completado no corpo humano. No momento, os tratamentos visam às formas assexuadas do plasmódio. As conclusões da pesquisa, publicadas na revista acadêmica PLOS, apontam a necessidade de se desenvolver tratamentos contra as formas sexuadas do parasita.
O ciclo de vida do plasmódio começa quando uma fêmea do mosquito anofeles pica um ser humano. Antes de sugar o sangue, o inseto injeta na corrente sanguínea uma saliva anticoagulante rica em plasmódios.
Em menos de 30 minutos, os plasmódios se instalam no fígado, onde se transformam em esquizontes, que são maiores e têm vários núcleos. Por reprodução assexuada, eles geram milhares de merozoítos, que em seis dias invadem os eritrócitos ou glóbulos vermelhos.
Na infecção pelo plasmodium falciparum, todos os esquizontes se transformam em merozoítos. Em formas menos agressivas de malária, podem ficar em estado latente no fígado provocando a reincidência da doença aparentemente curada, às vezes anos depois.
As formas sexuadas do parasita nascem por meiose dos merozoítos capturados pela medula óssea dos seres humanos antes de serem jogados na corrente sanguínea. Ao picar um ser humano infectado, o anofeles absorve os macrogametas e microgametas. No estômago do mosquito, eles vão se combinar para gerar ovos ou zigotos.
Estes ovos vão se transformar em esporozoítos, que migram para as glândulas salivares do inseto, de onde voltam a contaminar seres humanos picados pelo mosquito.
Na pesquisa, os cientistas usaram vários fármacos para testar sua capacidade de enrijecer os eritrócitos. Descobriram que o citrato de sildenafila, princípio ativo do Viagra, ajudava na eliminação das células vermelhas infectadas pelo baço.
Os pesquisadores sugerem que mudanças no princípio ativo do Viagra para inibir a função erétil, ou experiências com agentes similares podem levar a novos tratamentos que impeçam a transmissão da malária dos homens para os mosquitos, rompendo o ciclo de desenvolvimento das formas sexuadas do protozoário.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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