terça-feira, 15 de março de 2016

Guerra civil na Síria completa cinco anos sem expectativa de solução

A violenta repressão da ditadura de Bachar Assad a manifestações populares inspiradas pelas revoluções da Primavera Árabe na Tunísia e o Egito deu início em 15 de março de 2011 à mais violenta guerra em andamento hoje no mundo. Cinco anos depois, com mais de 260 mil mortes e 5 milhões de refugiados, começam negociações de paz sem perspectiva de acabar com o conflito.

Com o país destruído, uma tragédia humanitária desastrosa se abate principalmente sobre as crianças e uma onda de refugiados, mais de 1,2 milhão no ano passado, chega à Europa em busca de paz e oportunidades de vida.

É a maior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Mas a situação é muito pior no pequeno Líbano, que recebeu mais ou menos o mesmo número de refugiados, e na Turquia, que acolheu 2,7 milhões.

Como fruto da anarquia e do caos sírio, nasceu o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, a mais poderosa organização terrorista muçulmana. E a decisão do presidente Barack Obama de não bombardear as forças governistas depois do uso de armas químicas em agosto de 2013 deixou um flanco aberto.

Só no ano passado, houve 69 ataques com armas químicas, inclusive de grupos rebeldes como o Estado Islâmico. Durante toda a guerra civil, houve um total de 161 ataques químicos. Obama acabou aceitando um acordo negociado pela Rússia para a Síria se desfazer de seu arsenal químico. Ao que tudo indica, o governo sírio não entregou tudo.

Cerca de 77% dos ataques com armas químicas foram realizados depois que o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a Resolução 2119, em 27 de setembro de 2013, exigindo a destruição do arsenal químico do regime sírio.

Em 30 de setembro de 2015, a pretexto de "combater o terrorismo internacional", a Rússia interveio na guerra civil síria para sustentar o aliado Assad. Pouco atacou o alvo declarado, o Estado Islâmico, mas destruiu a capacidade de combate dos grupos aliados ao Ocidente, fortalecendo a posição de negociação do regime, que não mostra sinais de fazer qualquer concessão.

Ontem, o presidente Vladimir Putin anunciou o início da retirada das forças russas, que devem manter 800 soldados para cuidar de sua base aeronaval. A guerra marca então a reafirmação da Rússia como uma potência mundial no Oriente Médio, Não ocupava esta posição desde os tempos da União Soviética, em 1977, quando o presidente egípcio, Anuar Sadat, se aliou aos Estados Unidos para negociar a paz com Israel e recuperar a Península do Sinai.

Agora, os EUA e a Europa insistem na saída de Assad mesmo que o regime seja o núcleo central de um governo de união nacional a ser criado no processo de paz. Mas o ministro do Exterior, Walid Muallem, declarou que a saída de Assad é uma "linha vermelha", um ponto inegociável pelo regime.

Desde 27 de fevereiro, há uma trégua parcial em vigor, a primeira esperança de paz, mas as chances de um acordo definitivo ainda são escassas. Sem a saída de Assad, é improvável que os grupos rebeldes sunitas financiados pelos países vizinhos abandonem a luta.

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