Na abertura da reunião anual do Congresso Nacional do Povo neste sábado em Beijim, o primeiro-ministro Li Keqiang apresentou as metas de política econômica para 2016 e fixou a meta de crescimento da China em 6,5% a 7%, abaixo dos 7% ao ano passado.
Em 2015, a segunda maior economia do mundo avançou 6,9%, a menor taxa em 25 anos. De 1989, ano em que o país foi abalado pelo Massacre na Praça da Paz Celestial, a 2015, a China cresceu em média 9,88% ao ano. Foi o desenvolvimento econômico mais extraordinário da história.
Agora, com a forte queda no comércio exterior, o regime comunista chinês tenta reorientar a economia do investimento e da exportação para o consumo e o mercado interno. As propostas anunciadas indicam a confiança de que será possível fazer uma transição suave, sem traumas.
"Vamos atacar o problema das empresas-zumbis ativa mas prudentemente com o uso de medidas como fusões, reorganizações, renegociação de dívidas e liquidação de falências", afirmou o primeiro-ministro. Ele prometeu a geração de 10 milhões de empregos em áreas urbanas para manter o desemprego nas cidades abaixou de 4,5%.
Cerca de US$ 130 bilhões serão investidos na construção de ferrovias e US$ 270 bilhões na construção de rodovias. Isso indica que o crescimento terá prioridade sobre as reformas.
Por um lado, a reestruturação do setor industrial exige a redução da capacidade instalada. A indústria do aço tem um excesso de capacidade de 30% e pretende diminuir a produção em 10% nos próximos anos. Talvez não seja suficiente.
De outro, a obsessão oficial com o crescimento aponta uma contradição, observa o economia Jianguang Shen, da corretora Mizuho Securities: "É intrinsecamente difícil consolidar a capacidade de produção enquanto se fazem políticas de estímulo."
O novo plano quinquenal facilita o investimento no exterior e o acesso de estrangeiros ao mercado financeiro chinês para tornar a moeda nacional, o iuane, conversível até 2020. As bolsas de Valores da China sofreram grandes perdas no ano passado por causa da desvalorização do iuane e de intervenções malsucedidas para sustentar o mercado.
Li prometeu reduzir os impostos e taxas pagos por empresas já neste ano. As despesas militares serão 7,6% maiores, o menor ritmo de crescimento em seis anos, mas fica acima do aumento de 7% no orçamento. O primeiro-ministro é um defensor da urbanização e da construção de cidades como "a mais poderosa força para sustentar o desenvolvimento econômico".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário