Numa série de ataques desde o mês passado, camponeses extremistas muçulmanos mataram 500 pequenos agricultores cristãos em aldeias do centro da Nigéria. Os matadores ainda estariam escondidos nas vilas. Isso impede os sobreviventes de resgatar os corpos e enterrá-los.
"Temos cadáveres jogados pelo chão como num campo de guerra do Império Romano na época do imperador Nero", declarou Steven Enada, um ativista que trabalha no desenvolvimento da região, em entrevista ao boletim de notícias Morning Star.
Mais de 7 mil pessoas fugiram de suas aldeias para escapar da matança no estado de Benue. Um sobrevivente declarou a uma delegação enviada pelo presidente Muhammadu Buhari que "aldeias inteiras foram completamente destruídas por pastores da etnia fulane. Cadáveres de cristãos não identificados ainda estão sendo encontrados. Suas propriedades foram saqueadas pelos invasores fulanes. Enquanto falo com vocês, pastores fulanes estão vivendo em aldeias desertas. Não consigo acreditar no que vi.""
Líderes dos pastores justificaram os massacres como retaliação pela morte de 10 mil reses, atribuída aos agricultores cristãos, que negam tudo. Para o advogado defensor dos direitos humanos Emmanuel Ogebe, parte de missão investigadora, era impossível matar tanto gado: "Uma matança dessas duraria semanas e as carcaças dos animais estariam por toda a região de Agatu, com um fedor insuportável no ar."
Ogebe atribuiu o massacre ao jihadismo, à "guerra santa" islâmica para converter ou matar os infiéis. Cita como prova o fato de que os assassinos ainda estão nas aldeias como numa guerra de conquista. "Nenhuma mesquita foi incendiada, enquanto todo o resto foi arrasado" afirmou Andy Obeya, de uma equipe de ajuda humanitária.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário