O presidente Barack Obama chega hoje a Havana numa visita para sacramentar o reatamento dos Estados Unidos com Cuba. Ele é mais popular na ilha do que os irmãos Fidel e Raúl Castro, mas deve evitar as gafes do único presidente americano a visitar Cuba no exercício do cargo até hoje, Calvin Coolidge.
A viagem de Coolidge foi marcada por orgias de sexo e drogas de membros da delegação dos EUA. Cal Silencioso era um presidente em fim de mandato em busca de algum sucesso em política externa, lembra o jornal The Miami Herald. E chegou de navio de guerra.
Como Cuba protestava contra o aumento das tarifas de importação de açúcar e a América Latina contra as intervenções militares dos EUA no Haiti, na Nicarágua e na República Dominicana, Coolidge foi à reunião da União Pan-Americana, antecessora da Organização dos Estados Americanos (OEA) em janeiro de 1928.
Seu plano era iniciar uma campanha mundial para renunciar à guerra como instrumento de política externa. Oito anos antes, o Senado havia vetado a participação dos EUA na Liga das Nações, a primeira organização interestatal de caráter universal para defender a paz mundial. Fracassou em tudo.
Os EUA não baixaram as tarifas, quebrando a promessa feita ao presidente cubano, Gerardo Machado. Os fuzileiros navais invadiram a Nicarágua de novo e o tratado de paz, conhecido como Pacto Briand-Kellogg, aprovado por mais de 60 países, não conseguiu evitar a Segunda Guerra Mundial. Tornou-se num dos acordos mais inúteis da história diplomática.
Em plena Lei Seca, que proibia a venda de bebidas alcoólicas nos EUA, a festa começou em Key West, a cidade do extremo sul da Flórida, onde não havia Lei Seca. Pelo menos um repórter ainda estava tão bêbado na manhã seguinte que caiu no mar ao embarcar no navio.
Na volta aos EUA, toda a delegação, inclusive os repórteres que cobriam viagem, foram avisados de não teriam de passar pela alfândega. Vendedores de bebidas improvisaram uma loja no hotel onde os americanos estavam hospedados. Alguns compraram malas extras para levar bebidas alcoólicas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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