A Procuradoria-Geral da Bélgica anunciou hoje a denúncia contra Fayçal Cheffou por homicídio terrorista como cúmplice dos atentados de 22 de março de 2016 em Bruxelas, noticiou a televisão pública britânica BBC. O Estado Islâmico do Iraque e do Levante reivindicou a autoria dos ataques.
Ele aparece ao lado dos homens-bomba Najim Laachraoui e Brahim el-Bakraoui em imagens das câmeras de segurança do Aeroporto de Zaventem poucos minutos antes dos dois se detonarem, matando 11 pessoas. Outras 20 morreram no atentado suicida cometido no metrô de Bruxelas por Khalid el-Bakraoui, irmão de Brahim.
Cheffou foi um dos 12 presos ontem a anteontem pelas polícias da Bélgica, da França e da Alemanha na tentativa de desmantelar a célula terrorista responsável pelos atentados de 13 de novembro de 2015 em Paris e de 22 de março de 2016 em Bruxelas.
Um detalhe que chamou a atenção dos investigadores foi o fato de mais uma vez uma dupla de irmãos participar de uma ação terrorista. Como a comunicação entre irmãos é normal, ajuda a camuflar as atividades da célula terrorista.
O ataque à Maratona de Boston, em 15 de março de 2013, foi cometido pelos irmãos Tamerlan e Djokhar Tsarnaev. Três pessoas morreram e 264 saíram feridas.
Em 7 de janeiro de 2015, os irmãos Chérif e Saïd Kouachi atacaram a sede do jornal humorístico Charlie Hebdo, em Paris, matando 12 pessoas.
Nos atentados de 13 de novembro, o grupo, bem maior, tinha os irmãos Mohamed e Salah Abdeslam. Mohamed morreu no ataque. Salah foi preso dia 18 de março, precipitando os atentados de Bruxelas, que teriam matado muito mais gente se tivessem sido planejados com mais tempo.
Brahim estava na lista de terroristas do Estados Unidos e a Turquia avisou à Bélgica se tratar de um extremista perigoso ao deportá-lo em julho do ano passado. As autoridades belgas não deram a devida importância.
As falhas na segurança belga ficaram evidentes também por não ter sido decretado estado de alerta máxima depois de prisão de Salah Abdeslam. A Bélgica é um país dividido entre as regiões de Flandres, no Norte, que fala flamengo, uma língua parecida com o holandês e luta pela independência; e a Valônia, que fala francês.
O desentendimento entre essas duas metadas é flagrante. Quando as autoridades dos dois lados se encontram, os valões falam francês e os flamengos sua própria língua. Eles se entendem, mas não falam a mesma língua.
NOTA: Faiçal Cheffou foi solto dias depois e todas as acusações contra ele foram retiradas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sábado, 26 de março de 2016
Bélgica denuncia suspeito de participar dos atentados em Bruxelas
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