Além do bombardeio constante das poderosas forças aéreas da Rússia e dos Estados Unidos, da pressão dos guerrilheiros curdos e do Exército da Síria e milícias aliadas, a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante pode enfrentar uma invasão terrestre da Turquia, adverte a empresa americana de análise estratégica Strafor.
O governo turco atribuiu à milícia jihadista um atentado que matou 11 pessoas há uma semana no centro histórico de Istambul, além de ataques anteriores em Ancara e Suruç com mais de cem mortes. Desde então, o Exército da Turquia intensificou as operações de remoção de minas e os bombardeios de artilharia ao longo da fronteira com a Síria para ajudar rebeldes aliados e atingir posições do Estado Islâmico.
Pode ser uma estratégia para enfraquecer as defesas do inimigo antes de uma operação terrestre para desalojar o Estado Islâmico e tomar a capital do califado proclamado pelo seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi, em 29 de junho de 2014.
O Estado Islâmico se aproveitou do caos gerado pela guerra civil na Síria e pela fraqueza do novo Exército do Iraque criado depois da invasão americana de 2003 para tomar uma região do Oriente Médio do tamanho da Grã-Bretanha com uma população estimada em 8 milhões de habitantes.
Neste vasto cenário de guerra, misturam-se grupos rebeldes sunitas apoiados por vários países do Oriente Médio, tribos sunitas, guerrilheiros curdos sob o controle geral do EI. Mas, depois de uma ofensiva impressionante em que tomou Mossul, a segunda maior cidade do Iraque, em 10 de junho de 2014, o EI está sendo atacado em várias frentes.
A desminagem na fronteira perto da cidade síria de Jarabulus, controlada pelo Estado Islâmico, é um bom indicador da probabilidade de invasão. O plano foi discutido pelos EUA e a Rússia.
A Rússia concordou em não obstruir a operação desde que a Turquia não estenda a zona de segurança que pretende criar em território sírio para proteger sua fronteira e assentar ao menos parte dos 2,5 milhões de refugiados. Esta zona de segurança a ser criada ao norte da cidade de Alepo afastaria da fronteira turca tanto o EI quanto os guerrilheiros curdos, que lutam pela independência do Curdistão e reivindicam parte do território turco.
Os EUA, a Rússia e a Turquia estão coordenando as operações na Síria para evitar incidentes como a derrubada de um avião de guerra russo que o governo turco acusou de invadir seu espaço aéreo em 24 de novembro de 2015.
Assim, o Estado Islâmico enfrenta o risco de ataques terrestres em três frentes. No Norte, da Turquia. A Leste, das Forças Democráticas Sírias, dominadas pelos curdos, que cruzaram o Rio Eufrates com rumo oeste. No Sul, o Exército sírio avança com o apoio da milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus).
Sob intensa pressão por terra e ar nos campos de batalha do Oriente Médio, perdendo territórios do califado, resta ao Estado Islâmico a opção do terrorismo para mostrar que está vivo e atuante, pronto para acolher novos voluntários do martírio.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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