O índice de preços ao consumidor da Venezuela já é o maior do mundo e vai mais do que dobrar em 2016, superando as piores expectativas dos analistas para chegar a 720% ao ano, adverte o Fundo Monetário Internacional (FMI), citado pela agência de notícias Bloomberg.
Esse número foi citado em nota do diretor do FMI para o Hemisfério Ocidental, Alejandro Werner. Como a inflação de 2015 foi estimada pelo Fundo em 275%, 720% representam uma alta de preços 2,6 vezes maior.
Isso é quatro vezes mais do que a mediana de 184% estimada por 12 economistas entrevistados pela Bloomberg. Bate a previsão mais pessimista do mercado, de 700% ao ano, da corretora japonesa Nomura.
A crise econômica, com hiperinflação e escassez de produtos básicos, recessão de 10% no ano passada e expectativa de queda de mais 8% neste ano, foi decisiva para a primeira derrota eleitoral do chavismo desde a vitória de Hugo Chávez na eleição presidencial de 1998. Em 6 de dezembro de 2015, pela primeira vez em 17 anos, a oposição elegeu a maioria da Assembleia Nacional.
O presidente Nicolás Maduro reagiu baixando um decreto de "emergência econômica" que deve ser rejeitado hoje pela Assembleia Nacional. Já foi rejeitado na comissão especial que o examinou. Na prática, a medida tira poderes do Poder Legislativo, cassando a maioria parlamentar oposicionista.
Apesar de ter faturado cerca de US$ 1 trilhão com as exportações de petróleo durante o regime chavista, com os controles de câmbio e de preços, faltam dólares para bancar as importações e honrar dívidas. Com a queda de 70% nos preços do petróleo desde junho de 2014, a Venezuela está à beira do colapso.
"A falta de moeda forte levou a uma escassez de bens intermediários e a uma falta generalizada de bens essenciais, inclusive de alimentos, que cobra um preço trágico", observou o diretor do FMI. "Os preços continuam numa espiral fora de controle."
Depois de mais de um ano sem divulgar estatísticas oficias, o Banco Central da Venezuela anunciou na semana passada que a inflação anual chegou a 141,5% ao ano no fim do terceiro trimestre de 2015. O dado anterior, de dezembro de 2014, apontava um crescimento de preços de 68,5% ao ano.
O BC acusou sítios de Internet que monitoram os preços do dólar no mercado negro de "destruir os preços" e instalar um "capitalismo selvagem" no país, atribuindo 60% da inflação à especulação. No mercado paralelo, são necessários hoje 927 bolívares para comprar um dólar e 1004 bolívares para comprar um euro.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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