Durante a primeira viagem do presidente Xi Jinping ao Oriente Médio, a China e o Irã assinaram hoje 17 acordos para fortalecer a cooperação mútua e aumentar o comércio bilateral para US$ 600 bilhões nos próximos dez anos, reportou a agência Reuters.
Ao comentar a visita, o Supremo Líder Espiritual da Revolução Islâmica, aiatolá Ali Khamenei, o homem-forte do regime teocrático iraniano, declarou que o Irã não deve confiar no Ocidente, mas procurar fortalecer sua economia e segurança ampliando os laços com Beijim.
Entre os acordos assinados, um faz parte da Iniciativa Cinturão e Estradas, uma série de obras de infraestrutura para abrir rotas comerciais na Eurásia. O projeto inclui a reconstrução do Caminho da Seda, usado pelo italiano Marco Polo para ir à China no século 13.
Há uma semana, as potências do Conselho de Segurança das Nações Unidas suspenderam as sanções internacionais contra o Irã, depois que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) certificou que o país está cumprindo o acordo para desarmar seu programa nuclear.
Além de desbloquear US$ 100 bilhões congelados no exterior, o acordo reintegra o Irã ao mercado internacional, deflagrando uma série de visitas a Teerã e viagens ao exterior de líderes e empresários iranianos tentando ganhar dinheiro com a nova realidade.
Será um alívio para o presidente Hassan Rouhani, o principal arquiteto do acordo do lado iraniano, mas talvez chegue tarde demais para os reformistas terem sucesso nas eleições parlamentares de fevereiro, que vai eleger o novo Parlamento (Majlis) e a Assembleia dos Sábios, órgão supremo, com poderes para eleger e destituir o Supremo Líder.
A linha-dura não só criticou o acordo, minimizando sua importância, como conseguiu vetar as candidaturas de vários candidatos reformistas para tentar manter sua maioria. Caberá à nova Assembleia dos Sábios provavelmente escolher o sucessor de Khamenei, o herdeiro do aiatolá Ruhollah Khomeini.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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