O Banco do Japão surpreendeu o mercado hoje ao fixar a primeira taxa de juros negativa da história do país, em mais uma tentativa de estimular a economia, abalada há duas décadas pela estagnação e a deflação, noticiaram os jornais Financial Times e The Wall Street Journal.
Foi uma decisão apertada, tomada por 5 a 4. A partir de agora, o banco central japonês vai cobrar 0,1% ao ano sobre o dinheiro guardado como reserva pelos bancos privados, mas isso só vale para os novos depósitos do dinheiro do programa de compra de ativos do próprio BC.
Todas as outras reservas bancárias, estimadas em US$ 2,5 trilhões, cerca de metade do produto interno bruto do Japão, continuarão sendo remuneradas a 0,1% ao ano.
O objetivo é aumentar a quantidade de dinheiro em circulação, a oferta de crédito e o consumo para atingir a meta de inflação de 2% ao ano até outubro de 2017. As autoridades monetárias japonesas estão preocupadas com a valorização do iene, a desaceleração da China e a queda nos preços do petróleo.
"Por estas razões, há um risco crescente de que a melhoria na confiança do empresariado japonês e a conversão da mentalidade deflacionária pudessem ser retardadas. O banco vai baixar o fim da curva cortando sua taxa de depósito sobre as contas correntes para território negativo e exercer mais pressão para baixo nas taxas de juros ao longo de toda a curva", declarou em nota o Banco do Japão.
A medida reforça a imagem do presidente do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda, como um homem surpreendente. Há oito dias, ele declarou no Parlamento do Japão que não pensava em juros negativos. Mas também mostra que as autoridades estão ficando sem instrumentos para aumentar a atividade econômica.
O iene, a moeda japonesa, caiu de 118,8 para 120,3 por dólar. Os títulos de 10 anos da dívida pública do Japão passaram a pagar os menores juros da história, 0,175% ao ano.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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