Com seu talento de showmen e homem de vendas, o bilionário Donald Trump abriu ampla vantagem nas pesquisas sobre seus concorrentes na disputa pela candidatura do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos. Mas o estatístico Nate Silver, famoso por acertar o resultado das eleições presidenciais de 2008 e 2012, adverte que ele é o candidato com a maior rejeição diante do conjunto do eleitorado.
Se 33% dos eleitores têm uma imagem favorável de Trump, 58% têm uma imagem desfavorável, especialmente os democratas e os independentes, observa Silver no sítio 538.com, o número de grandes eleitores do Colégio Eleitoral que elege o presidente dos EUA com base nas votações obtidas em cada estado.
Como o partidarismo é forte nos EUA, Silver admite que muitos republicanos votariam em Trump simplesmente por ser o candidato do partido. Também reconhece que o magnata imobiliário tem instintos políticos tão agudos que pode, uma vez nomeado candidato republicano, marchar para o centro para tentar conquistar o eleitorado independente.
Uma recessão ou um atentado terrorista ajudariam o bilionário e seu estilo rolo-compressor. "Mas Trump começa com uma grande desvantagem: a maioria dos americanos simplesmente não gosta do cara", observa o matemático.
O único pré-candidato com saldo positivo entre imagem favorável e desfavorável é o senador socialista Bernie Sanders, que disputa a candidatura democrata com a ex-secretária de Estado Hillary Clinton e não tem nenhuma chance de ser escolhido, a não ser que algo catastrófico aconteça na campanha da ex-primeira-dama. Um socialista não tem nenhuma chance de ser eleito presidente dos EUA.
Hillary também enfrenta rejeição pelos escândalos e negócios do ex-presidente Bill Clinton, por ter usado uma conta de correio eletrônico pessoal quando chefiava a diplomacia americana e outros deslizes. Não é uma figura simpática. Ela tem 42% de imagem favorável e 50% desfavorável.
Trump é o pior de todos. Ao chamar os mexicanos de criminosos e estupradores, e prometer construir um muro na fronteira com o México, Trump ergueu um muro entre o partido e o eleitorado de origem latino-americana. Quando ameaçou proibir a entrada de muçulmanos nos EUA, violou o princípio de liberdade religiosa inscrito na Constituição e alienou outra parcela do eleitorado.
Nas últimas pesquisas para a eleição presidencial de 8 de novembro de 2016, Clinton tem uma vantagem de cinco pontos percentuais sobre Trump e fica praticamente empatada com o senador pela Flórida Marco Rubio, descendente de imigrantes cubanos, que aparece em terceiro na disputa pela candidatura republicana e seria hoje o preferido da cúpula do partido.
Talvez só o senador texano Ted Cruz, filho de pai cubano, seja um candidato pior do Trump, na análise de Silver. O eleitorado americano rejeita candidatos a presidente extremistas e Cruz é o candidato à Casa Branca mais conservador desde Barry Goldwater, em 1964.
"Mas o fato de Cruz ser um mau candidato não torna Trump bom", conclui o estatístico. "É uma perplexidade que as elites republicanas tenham se resignado a nomear Trump ou Cruz quando outros nove candidatos estão concorrendo e ninguém votou até agora."
As eleições primárias começam em 1º de fevereiro.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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