sábado, 2 de janeiro de 2016

Nova doutrina de segurança da Rússia aponta EUA como inimigo

Pela primeira vez desde o fim da União Soviética, a Rússia passa a considerar oficialmente os Estados Unidos como ameaça à segurança nacional. 

Em 31 de dezembro de 2015, o presidente Vladimir Putin assinou assinou o documento com a nova estratégia de segurança nacional, em substituição a outro de 2009, quando o presidente era o atual primeiro-ministro, Dimitri Medvedev.

As versões anteriores não apontavam os EUA e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) como inimigas da Rússia. A tensão entre a Rússia e o Ocidente aumentou a partir do veto do Kremlin à associação da ex-república soviética da Ucrânia, em novembro de 2013.

Em fevereiro de 2014, o então presidente Viktor Yanukovich fugiu em meio a uma revolta popular que Moscou atribuiu a uma conspiração ocidental. Putin iniciou sua intervenção na Ucrânia ocupando militarmente a península da Crimeia, anexada à Federação Russa em 17 de março daquele ano depois de um referendo não reconhecido internacionalmente.

No mês seguinte, as populações etnica e linguisticamente russas do Leste da Ucrânia se rebeleram sob a inspiração do Kremlin alegando que havia uma ameaça à sua cultura no país. Desde então, mais de 6,5 mil pessoas foram mortas.

Em 17 de julho de 2014, um avião comercial da Malaysia Airlines foi derrubado pelos rebeldes com um míssil Buk, de fabricação russa, matando todos os 289 passageiros e 15 tripulantes.

Putin também aproveitou a hesitação do presidente Barack Obama em relação à guerra civil na Síria para tentar recolocar a Rússia como potência no Oriente Médio. Em 1977, quando o então presidente do Egito, Anuar Sadat, abandonou a esfera soviética e se aproximou dos EUA como única maneira de recuperar a Península do Sinai, a URSS deixara de ser uma potência mundial no Oriente Médio.

O presidente americano ameaçou bombardear a ditadura de Bachar Assad se usasse armas químicas, o que aconteceu comprovadamente em 21 de agosto de 2013, mas acabou desistindo de atacar.

Desde 30 de setembro desde ano, alimentando uma concorrência estratégica com os EUA e seus aliados na Europa e no Oriente Médio, a Rússia intervém na guerra civil da Síria com bombardeios aéreos para sustentar seu aliado Assad.

Como a justificativa oficial foi combater o terrorismo e o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que contra-atacou explodindo no ar um avião comercial russo com 224 pessoas a bordo na Península do Sinai, o inimigo comum reaproxima a Rússia do Ocidente.

Depois de mais de quatro anos e meio de paralisia das Nações Unidas por causa de vetos da Rússia e da China, Moscou e Washington articulam uma solução para a pior guerra civil em andamento hoje no mundo.

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