O modelo de autorregulamentação da imprensa do Reino Unido não funcionou. Deve ser fortalecido por uma lei que oficialize as atividades do órgão regulador, propôs hoje o juiz Brian Leveson depois de presidir a um longo inquérito focado principalmente no uso de escuta telefônica clandestina e ilegal para obter furos de reportagem.
Nos anos 90, depois de uma série de escândalos envolvendo celebridades e sobretudo a família real britânica, os jornais criaram a Comissão de Reclamações contra a Imprensa, formada por editores de jornais e presidida por um juiz superior aposentado. Mas esse modelo não foi capaz de evitar abusos.
Em julho do ano passado, o jornal dominical mais vendido na Inglaterra, News of the World, deixou de circular em meio a um escândalo de escuta telefônica clandestina de celebridadas, da família real e até de vítimas de crimes, o chamado Grampogate, revoltando a população.
Agora, o juiz propõe uma espécie de lei de imprensa, o que sempre foi repudiado pelas empresas do setor. Mas seria apenas sobre o funcionamento do órgão regulador, ou seja, só para ajudar a reparar erros cometidos pela imprensa e não para estabeleceer qualquer controle antes da publicação de notícias.
Para o juiz Leveson, o novo órgão regulador deve ter poder para exigir retratações e impor multas de até 1 milhão de libras, mais de R$ 3 milhões.
O primeiro-ministro conservador David Cameron, que teve assessores envolvidos no Grampogate, aceitou as recomendações do Relatório Leveson, mas manifestou ceticismo quanto à necessidade de uma lei aprovada pelo Parlamento Britânico. Seria a primeira, em mais de 300 anos de liberdade de imprensa na Inglaterra e no Reino Unido.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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