Centenas de pessoas usaram estrelas de Davi amarelas como as dos campos de concentração nazistas da Segunda Guerra Mundial ontem em Budapeste para protestar contra o deputado de extrema direita Márton Gyöngyösi, que defendeu a elaboração de listas de judeus residentes na Hungria.
Durante um debate parlamentar sobre o conflito entre Israel e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), Gyöngyösi exigiu que "todos os judeus da Hungria sejam registrados". Foi além: "Os judeus, especialmente no parlamento e no governo, devem ser avaliados quanto aos perigos que representam para a Hungria". Virando-se para um secretário do Ministério do Interior, disse: "Vocês devem essa compilação à Hungria".
"Aquilo foi puro nacional socialismo", diagnosticou o historiador húngaro Kriztián Ungváry.
A reação do secretário Zsolt Németh, do partido Fidesz, que lidera o governo, foi considerada insuficiente por não repudiar o caráter nazista do discurso. Ele limitou-se a dizer que "o número de judeus no governo da Hungria não tem nada a ver com o sério conflito no Oriente Médio".
Foi a primeira vez que o Jobbik, terceiro maior partido húngaro, assumiu claramente um discurso neonazista. O governo populista de direita não se distanciou inequivocamente da declaração.
Gyöngyösi, um economista de 33 anos, é vice-líder do partido, que recebeu 17% dos votos nas eleições de 2010 para o Parlamento da Hungria. Já negou a ocorrência do Holocausto, o genocídio de judeus pela Alemanha e seus aliados na Segunda Guerra Mundial.
Diante dos protestos indignados em toda a Europa, especialmente da comunidade judaica, outros deputados do Jobbik repudiaram a declaração, mas a rejeição foi considerada insuficiente, reporta a revista alemã Der Spiegel.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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