Durante décadas, Peng Liyuan, a cantora pop mais famosa da China, foi muito mais popular do que o marido. Agora, o atual vice-presidente Xi Jinping foi nomeado secretário-geral do Partido Comunista. A partir de março, será presidente da República, provavelmente por um período de dez anos. Só resta à diva e popstar assumir uma postura muito mais discreta.
Desde que a viúva de Mao Tsé-tung, Jiang Ching, foi condenada por corrupção e abuso de poder durante a Revolução Cultural (1966-76), em 1981, as primeiras-damas chinesas eram quase invisíveis e silenciosas. No máximo, apareciam em silêncio atrás ou ao lado do marido. Mas Peng Liyuan está mais para Carla Bruni Sarkozy do que para o modelo de primeira-dama da China da era das reformas econômicas.
Há mais de duas décadas, observa o jornal The New York Times, Peng é destaque do fim de Ano Novo da televisão estatal chinesa. Muitas vezes emerge no centro de um batalhão de bailarinos que coreagrafam as façanhas do Exército Popular de Libertação e da China superpotência emergente.
Com a imagem de principal civil associada às Forças Armadas, Peng tem o prestígio de um general. Ela consolou sobreviventes do terremoto de Sichuã, em 2008, e alerta os jovens para os riscos de fumar e do sexo sem camisinha.
É uma grande oportunidade: "Peng Liyuan pode ser tremendamente positiva para a China, que tem falta de exemplos femininos", declarou Hung Huang, editora de uma revista de moda. "Imagine se ela se transformar numa primeira-dama como Michelle Obama."
Mas é muito improvável, tendo em vista a ampla supremacia masculina na conservadora sociedade chinesa, onde a política do filho único para controlar a natalidade levou a infanticídios de meninas recém-nascidas.
No 18º Congresso do PC, que acaba de eleger Xi como novo líder, os homens eram a imensa maioria dos delegados. O Politburo do Comitê Central passou a ter duas mulheres, mas não há nenhuma no Comitê Permanente, formado pelos agora sete imperadores que mandam na China.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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