Se o presidente Barack Obama aumentar os impostos para os 2% mais ricos, os Estados Unidos vão perder 700 mil empregos por ano, declarou o presidente da Câmara, deputado republicano John Boehner, mantendo sua posição no debate sobre como reduzir o déficit público federal, de mais de US$ 1 trilhão.
Como o principal líder do Partido Republicano citou um estudo da empresa de consultoria Ernst & Young, o jornal The Washington Post foi conferir.
A maior ameaça à recuperação da economia dos EUA no momento é o chamado "abismo fiscal", uma combinação de fim dos impostos da era George W. Bush (2001-9) com cortes automáticos nos gastos públicos que tirariam de circulação US$ 600 bilhões.
Obama quer o fim dos cortes de impostos para quem ganha mais do que US$ 250 mil por ano, mais de R$ 500 mil. Boehner alegou que, na maior parte, os 2% mais ricos são pequenos empresários. Seus negócios sofreriam eliminando empregos para quem mais precisa.
O estudo Impacto macroeconômico de longo prazo do aumento de impostos para contribuintes de renda elevada em 2013 foi preparado no ano passado por dois economistas da E&Y para os Banqueiros Comunitários Independentes da América, a Federação Nacional da Empresas Independentes e a Câmara América de Comércio - entidades de oposição a Obama.
Para o blog Fact Checker, o primeiro problema do documento está no "longo prazo". O impacto não será imediato. Isto torna uma avaliação mais difícil.
A previsão dos economistas, de uma perda anual de 700 mil empregos, merece uma ressalva escamoteada na página 22 do documento: "Para modelos deste tipo, de dois terços a três quartos dos efeitos de longo prazo são sentidos numa década". Ou seja: é preciso esperar dez anos para que 66% a 75% da profecia se cumpram.
Pior ainda é outra confissão: "O uso da arrecadação adicional para reduzir o déficit não foi testado no modelo". Os autores pressupõe que o governo Obama vai gastar toda renda extra em mais despesas públicas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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