O ex-presidente da Reserva Federal (Fed), o banco central dos Estados Unidos, Alan Greenspan, era considerado um verdadeiro deus pelo mercado antes do colapso do banco Lehman Brothers, mas foi um dos principais responsáveis pela pior crise econômica mundial dos últimos 70 anos. Apesar de desmoralizado, não abriu do pensamento neoliberal que venera o mercado como um deus.
Ao comentar o impasse entre a Casa Branca e o Congresso dos EUA sobre como reduzir o déficit público federal, hoje de US$ 1,1 trilhão, Greenspan rejeitou a proposta do presidente Barack Obama de dividir o custo do ajuste fiscal aumentando impostos para os 2% mais ricos e reduzindo gastos públicos na mesma medida.
Greenspan chegou a dizer que "não poderia esperar que os bancos dessem um tiro no pé" para justificar a falta de regulamentação e fiscalização do setor financeiro sobre o qual era responsável. Sob sua direção, o Fed manteve sua taxa básica de juros em 1% durante 14 meses, gerando uma bolha especulativa, e Wall St. criou produtos financeiros sofisticados sem qualquer controle.
Agora, Greenspan prefere uma "pequena recessão a aumentar impostos". Não só não aprendeu nada como se recusa a reexaminar seus próprios erros.
É mais um sinal de que a crise não reduziu o virtual monopólio do capitalismo financeiro, responsável por uma formidável destruição de riqueza nos últimos anos. Seu poder continua inalterado e o Partido Republicano dos EUA é seu maior porta-voz. Repórtes incautos acabam de ressuscitar o zumbi que, errando como um sonâmbulo, arrasou a economia mundial.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário