LONDRES - Em mais um lance do mais espetacular escândalo político em décadas na China, Gu Kailai, mulher do ex-dirigente do Partido Comunista Bo Xilai, foi acusada formalmente pelo assassinato do empresário britânico Neil Heywood, que seria um dos agentes das transações internacionais do casal, informou hoje a agência oficial Nova China.
Bo era a principal estrela da linha dura em ascensão no PC chinês. Como prefeito e governador da cidade-província de Xunquim, resgatou métodos políticos, lemas e até hinos do tempo da Revolução Cultural (1966-76). Era um dos 25 membros do Politburo do Comitê Central do partido. Sonhava em ser eleito no fim deste ano para o Comitê Permanente do Politburo e tornar um dos chamados nove imperadores que governam a China.
Em março, ele foi afastado do governo de Xunquim. Em abril, perdeu todos os cargos que ainda tinha dentro do partido. Sua mulher foi presa por suspeita de envenenamento de Heywood.
A orientação interna do presidente Hu Jintao e do vice-presidente Xi Jinping, que deve assumir a liderança do partido no fim deste ano e a Presidência da China em 2013, é tratar a queda espetacular de Bo como um caso isolado, descartando a sugestão do primeiro-ministro Wen Jiabao de retomar a discussão sobre a reforma política.
Por mais que a China tenha se desenvolvido nas últimas décadas, a disputa pelo poder entre suas elites ainda é cruel e brutal. O escândalo também chamou a atenção da opinião pública chinesa, reprimida pela ditadura comunista, para os privilégios dos chamados principezinhos, os filhos de altos dirigentes da geração de Mao Tsé-tung, que fez a revolução.
Tanto Bo Xilai quanto Xi Jinping foram vítimas de perseguição a seus pais durante a Revolução Cultural. Mas depois que os pais foram reabilitados, ajudaram seus filhos a subir na hierarquia do partido e do governo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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