LONDRES - Pela terceira vez, a China e a Rússia usaram hoje seu poder de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas para derrubar um projeto de resolução apoiado pelos Estados Unidos, a União Europeia e a Liga Árabe para impor sanções contra a Síria.
No momento em que os rebeldes conseguiram atacar o coração do regime, matando três altos oficiais responsáveis pela segurança nacional, inclusive o genro do ditador Bachar Assad, e anunciam que têm 5 mil homens marchando para Damasco, uma resolução da ONU seria um golpe definitivo neste governo.
Por princípio, a China e a Rússia são contra a "mudança do regime", que é a política dos EUA para o Oriente Médio desde 11 de setembro de 2001, na presunção de que o terrorismo é produto de sociedades onde a força é a única maneira de fazer política.
Quem sustenta internacionalmente hoje é o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que está longe de poder ser considerado um democrata. Há um movimento "Rússia sem Putin" em marcha. Na China, toda vez que a oposição convocou uma manifestação inspirada pela Primavera Árabe, foram mais policiais e agentes secretos do que manifestantes.
A cartada final está nas mãos de Putin. Até onde ele vai segurar Assad? Que tipo de pressão está disposto a fazer? Com os rebeldes lutando há três dias na capital e o regime atacando com força cada vez maior, a questão é até quando este banho de sangue com mais de 17 mil mortos será tolerado.
Para evitar a mudança de regime, basta remover Assad, passar o poder para o vice-presidente Faruk al Charah e fingir que algo mudou. Mas, a partir daí, é preciso aceitar uma trégua e negociar com a oposição. Até agora, o regime se recusa a negociar. Só fará isso quando se sentir fraco e for pressionado pela China e a Rússia.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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