LONDRES - O ataque à pré-estréia do sinistro filme do Batman em Denver, no Colorado, recoloca o debate sobre o controle da venda de armas no centro dos debates para a eleição presidencial de 6 de novembro de 2012 nos Estados Unidos.
Doze pessoas morreram e 59 saíram feridas depois que um atirador invadiu uma saída de emergência à meia-noite de ontem, declarou: "Eu sou o coringa" - e saiu atirando para todos os lados.
O suspeito, James Holmes, de 24 anos, um doutorando de medicina considerado brilhante mas solitário, comprou armas de guerra e milhares de peças de munição em lojas e via Internet. A polícia do estado do Colorado ainda não conseguiu entrar na casa dele, cercada de armadilhas.
Sob o impacto da tragédia, o presidente Barack Obama e o republicano Mitt Romney, suspenderam ontem suas campanhas à Casa Branca, mas o tema será explorado com certeza num país onde uma emenda constitucional garante o direito de portar armas para sua própria defesa.
O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, já cobrou do presidente uma posição sobre o controle da venda de armas. Mas os analistas observam que nenhum dos candidatos tem muito a ganhar com o debate.
Se der qualquer sinal a favor de maior controle, o Romney perde o apoio da Associação Nacional do Rifle, o grande lobby dos fabricantes de armas, poderoso dentro do Partido Republicano. Já Obama é o candidato natural de quem defende uma fiscalização mais rigorosa. Assumir claramente esta posição pode afastar eleitores independentes e de centro favoráveis ao porte de armas.
A questão é: o que é defesa própria? Ter um revólver pode significar pouco diante dos fuzis e submetralhadoras que os traficantes e do Rio de Janeiro e os franco-atiradores de escolas, shopping centers e agora cinemas dos EUA têm.
Dentro deste raciocínio, depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, talvez até mísseis antiaéreos para abater aviões inimigos. Se a Força Aérea não chegou em tempo de defender o Pentágono, que chance tem o cidadão comum diante da rede terrorista Al Caeda.
Outro debate inevitável é sobre o impacto desses filmes de violência extrema e brutal do início ao fim sobre esses jovens que tentam repetir essas chacinas e tragédias na vida real.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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