LONDRES - Sessenta anos depois do início da Revolta dos Mau-maus, no Quênia, o governo do Reino Unido admitiu pela primeira vez o uso de tortura, numa das páginas mais tristes e cruéis do fim do Império Britânico. Milhares de pessoas morreram com a repressão ao movimento.
A Comissão de Direitos Humanos do Quênia afirma que 90 mil pessoas foram mortas, feridos ou torturadas na Revolta dos Mau-maus, que terminou em 1962. Cerca de 160 mil foram detidas em péssimas condições. Em 1963, o Quênia se tornou independente.
Hoje, a Justiça britânica começou a julgar um processo movido por três veteranos quenianos. Antes mesmo de começar a interrogar as testemunhas, o procurador representante do governo admitiu que não vai questionar que "civis sofreram torturas e maus tratos nas mãos da administração colonial", reporta a televisão pública britânica BBC.
Paulo Muoka Nzili foi preso e castrado com o mesmo instrumento usado para castrar bois: "Nunca pude ter filhos nem fazer amor com a minha mulher".
Jane Muthoni Mara disse ter sido presa e violentada sexualmente na noite de Natal em 1952 numa prisão militar britânica.
Wambunga Wa Nyingi morreu antes da audiência. Ele alegava ter sido espancado junto com um grupo em que 11 pessoas morreram.
Se os reclamantes forem vitoriosos e receberam indenizações, vão abrir caminho para numerosas ações no mesmo sentido. Do lado de fora do tribunal, outros veteranos quenianos sonhavam com justiça, ainda que tardia.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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