quinta-feira, 12 de julho de 2012

FIFA sabia da corrupção de Havelange e Teixeira

A Federação Internacional de Futebol Associativo (FIFA) teve conhecimento de que seu ex-presidente João Havelange e seu genro e ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, receberam o equivalente a R$ 45 milhões de esquemas de corrupção e protegeu os dois, acusa um relatório elaborado pela Procuradoria-Geral do Cantão de Zug, na Suíça.

O documento sobre o escândalo da ISL foi divulgado ontem, por determinação judicial, dois anos depois de Havelange e Teixeira terem feito um acordo em que devolveram à FIFA 2,5 milhões de francos suíços para encerrar o caso. Desde então, eles tentavam bloquear a divulgação do relatório, afirma hoje o jornal inglês Financial Times.

Em 1997, diz o documento de 41 páginas, Havelange recebeu 1,5 milhão de francos suíços da ISL, uma empresa de marketing contratada pela FIFA que faliu em 2001. Teixeira, que também fazia parte do comitê executivo da entidade, ganhou pelo menos 12,7 milhões de francos suíços da ISL entre 1992 e 1997. Outro grupo no qual ambos eram beneficiários recebeu mais 21,9 milhões de francos entre junho de 1999 e maio de 2000.

A Procuradoria-Geral do cantão de Zug denunciou a FIFA e os dois dirigentes criminalmente em 2005 por "apropriação indevida e possívelmente gestão desleal", e a FIFA por gestão desleal, acusando-os de "usar ilegalmente ativos que lhes foram confiados para seu enriquecimento pessoal várias vezes".

O recebimento de propina é inquestionável, acrescenta o relatório: "Vários membros do comitê executivo receberam dinheiro... foi confirmado pelo testemunho do ex-tesoureiro da FIFA que um certo pagamento feito a João Havelange... no valor de um milhão de francos suíços foi transferido por engano diretamente para uma conta da FIFA".

Em nota publicada na íntegra pela Folha de S. Paulo, a FIFA se declarou satisfeita com a divulgação do relatório, observa que não há "nenhum cidadão suíço envolvido" e ignora as citações de Havelange e Teixeira. É improvável que seu atual presidente, Joseph Blatter, que na época era secretário-geral, não soubesse da corrupção.

Na prática, Blatter aproveita a divulgação do relatório para desviar a atenção sobre a corrupção na entidade de caráter privado que controla o futebol mundial, atribuindo indiretamente o problema a dois dirigentes brasileiros e garantindo que está sendo combatido pelas reformas iniciadas em junho de 2011.

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