LONDRES - Os conflitos da Primavera Árabe poderiam ter sido evitados se a "agenda de liberdade" do presidente George W. Bush não tivesse sido cancelada pelo governo Barack Obama, afirmou o candidato da oposição à Presidência dos Estados Unidos, Mitt Romney.
Em entrevista a um jornal de Israel, na viagem ao exterior para se apresentar como estadista, depois de cometer duas gafes no Reino Unido, Romney afirmou: "O presidente Bush pressionou Hosni Mubarak rumo a uma postura mais democrática, mas o presidente Obama abandonou a agenda de liberdade e hoje estamos vendo um redemoinho de tumultos no Oriente Médio em parte porque essas nações não abraçaram as reformas que poderiam ter mudado o curso da história de uma maneira pacífica".
Ao repetir uma série de clichês, Romney mostra mais uma vez seu despreparo. Os únicos presidente americanos que conseguiram negociar acordos no Oriente Médio foram os democratas Jimmy Carter, entre Israel e o Egito, e Bill Clinton, entre Israel e a Jordânia.
Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, o governo Bush adotou uma política de "mudança de regime", partindo da análise de que o terrorismo era a resposta política de sociedades onde era impossível lutar pelo poder pacificamente. Isso levou à invasão do Iraque, mas, diante da forte reação negativa no mundo árabe, os EUA nunca fizeram maior pressão sobre seus maiores aliados árabes, Egito e Arábia Saudita.
Obama recuou para uma atitude de não interferência, dizendo caber aos árabes decidir questões como regime político. Mas dificilmente ditadores como Muamar Kadafi, na Líbia, e Bachar Assad, na Síria, aceitassem pressões dos EUA.
Romney ainda não apresentou uma proposta concreta sobre o que fazer na Síria, onde ocorre o conflito mais violento hoje no mundo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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