A pacificação dos conflitos étnicos, o desenvolvimento industrial e a geração de empregos são os principais objetivos do presidente Thein Sein, o ex-general convertido no primeiro civil a governar Mianmar desde que as Forças Armadas tomaram o poder neste país do Sudeste da Ásia, em 1962.
Em uma de suas primeiras entrevistas em um ano e meio no cargo, esse filho de camponeses humildes do Sudeste do país lembrou sua atuação nos anos 70 contra rebeldes no Norte da antiga Birmânia, rebatizada de Mianmar pela ditadura militar.
"Como um soldado que passou toda a carreira lutando contra estes grupos armados, eu os via como inimigos. Mas, quando me tornei presidente, percebi que a morte de um soldado kachin é o mesmo que a morte de um soldado do Exército Nacional. É morte de um cidadão de Mianmar e portanto uma perda para o país", declarou o presidente. "Agora, não vejo mais as forças rebeldes como inimigas, mas como parte da solução", disse ao jornal inglês Financial Times.
Seu governo já assinou acordos de paz com 10 dos 11 grupos rebeldes armados em atuação em Mianmar. Faltam apenas os kachins.
Desde que se tornou primeiro-ministro, em 2007, Thein Sein visitou os países vizinhos e foi à Assembleia Geral das Nações Unidas para romper o isolamento diplomático do país, que tinha na China sua principal aliada. Isso foi mais importante depois do ciclone Nargis, que arrasou o Sudoeste de Mianmar em 2008.
Na eleição de 2010, o ditador Than Shwe indicou Thein Sein como candidato a presidente. A votação foi boicotada pela líder da oposição, Aung San Suu Kyu, e considerada fraudulenta por observadores internacionais.
O presidente iniciou seu mandato sob uma aura de suspeição. Em meados do ano passado, ele lançou seu programa de reformas radicais para acabar com o isolamento e a ruína econômica em que 50 anos de ditaduras militares deixaram Mianmar.
Suu Kyi foi eleita deputada e tomou posse. Além de negociar a paz com as minorias étnicas, Thein Sein reformou sindicatos e a previdência social, liberalizou as finanças e permitiu a flutuação parcial da moeda, o kyat.
"Tive uma origem muito pobre. Experimentei em primeira mão a pobreza deste país, e isso está relacionado com meu desejo, desde o momento em que me tornei presidente, de fazer da redução da pobreza uma prioriedade para este país", acrescentou Thein Sein.
A meta do governo é reduzir a pobreza de 26% para 16% da população até 2015 e triplicar neste período a renda média por habitante, que hoje é de apenas US$ 750.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quinta-feira, 12 de julho de 2012
Líder de Mianmar quer paz e desenvolvimento
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