Ao receber hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente dos Estados Unidos, George Walker Bush, considerou "indesculpável" a detenção de 15 fuzileiros navais pela Guarda Revolucionária do Irã. Eles estão presos há oito dias, sob a acusação de invadir águas territoriais iranianas quando patrulhavam o mar territorial do Iraque.
O governo fundamentalista iraniano obrigou os presos a fazer declarações públicas falsas dizendo estarem arrependidos e exige desculpas que o Reino Unido se nega a dar.
Bush chamou os britânicos de "reféns", o que remete à ocupação da Embaixada dos EUA em Teerã, depois da revolução islâmica, em 1979. Durante 444 dias, guardas revolucionários iranianos mantiveram americanos como reféns. Houve até uma tentativa frustrada de resgate que terminou com um acidente com helicópteros no meio do deserto.
A ocupação provocou a derrota do presidente Jimmy Carter para Ronald Reagan na eleição presidencial de 1980. Logo após a posse de Reagan, em janeiro de 1981, os reféns foram libertados e a embaixada, desocupada.
Até hoje, EUA e Irã não reataram as relações diplomáticas. Mas devem participar de uma conferência sobre o futuro do Iraque a ser realizada neste mês em Ancara, capital da Turquia, reunindo os países vizinhos do Iraque, as potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas e o Grupo dos Oito (maiores potências industrias, com exceção da China).
Se EUA e Irã conseguirem se entender sobre o Iraque, há esperança de que este diálogo seja estendido à questão nuclear iraniana.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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