Como era esperado, o presidente Jacques Chirac anunciou hoje em pronunciamento pela televisão que não vai concorrer a um terceiro mandato como presidente da França.
Chirac começou na política na Reunião para a República (RPR), partido do presidente Charles de Gaulle. Foi ministro da Agricultura, prefeito de Paris durante 18 anos e duas vezes primeiro-ministro, antes de se tornar presidente em 1995, no fim da era François Mitterrand (1995-2002).
Acusado de incompetência e corrupção, Chirac estava prestes a perder a eleição presidencial de 2002 para o primeiro-ministro socialista Lionel Jospin. Mas Jospin implantara reformas impopulares para que a França se enquadrasse nas normas da união monetária européia. Parte da esquerda votou em candidatos radicais. Só os trotskistas tiveram 11% dos votos.
Resultado: em 21 de abril de 2002, o líder neofascista Jean-Marie Le Pen, da Frente Nacional, bateu Jospin e conquistou uma vaga no segundo turno. A esquerda tapou o nariz e votou em Chirac, reeleito com uma votação estrondosa mas claramente como o mal menor.
A invasão do Iraque pelos Estados Unidos, deu ao presidente francês uma oportunidade de voltar ao cenário internacional reivindicando uma autoridade moral superior à da superpotência. Ao liderar a oposição à guerra no Conselho de Segurança das Nações Unidas, a França apresentou-se como defensora do Direito Internacional.
O candidato da direita francesa será mesmo o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, da União por um Movimento Popular, herdeira do RPR.
No momento, as pesquisas dão a vitória a Sarkozy num possível segundo turno contra a candidata socialista, Ségolène Royal, por 55% a 45%. Mas o avanço do centrista François Bayrou, da União pela Democracia Francesa (UDF), do ex-presidente Valéry Giscard d'Estaing, já ameaça aquela que pode ser a primeira mulher a presidir a França.
A esquerda já teme uma repetição da tragédia de 2002, quando ficou sem candidato no segundo turno e teve de adiar em cinco anos a aposentadoria de Chirac.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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