O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, negou-se a comentar a declaração do ex-ministro das Relações Exteriores da Argentina Rafael Bielsa de que o então presidente uruguaio Jorge Battle prometera não aprovar a construção de fábricas de papel e celulose na margem oriental do Rio Uruguai, numa reunião com o presidente argentino, Néstor Kirchner. Mas, no mesmo dia, 9 de outubro de 2003, autorizou a instalação da empresa espanhola ENCE.
Em entrevista ao jornal argentino La Nación, Bielsa acusa Battle de ter mentido ao prometer cumprir o tratado bilateral sobre o aproveitamento do Rio Uruguai, e o atual presidente de se negar a negociar. Afirma que o conflito conhecido como 'guerra das papeleiras' "é difícil de resolver porque falta um interlocutor com vontade de chegar a um acordo".
Quando era chanceler argentino, em março de 2004, Bielsa diz ter feito um acordo verbal de quatro etapas com seu colega uruguaio na época, Didier Opertti, que agora acusa o Uruguai de violar:
1. O Uruguai entregava toda a documentação dos projetos das papeleiras.
2. A Argentina analisava as informações.
3. Os dois países tomariam uma decisão conjunta sobre a localização das fábricas.
4. As obras e a operação das papeleiras seriam monitoradas conjuntamente.
Se Tabaré Vázquez preferiu ficar em silêncio, denunciando a entrevista como uma jogada para obstruir o diálogo, a resposta veio do ex-vice-presidente Luis Hierro López. Ele acusou o ex-ministro argentino de "mentir com intenções obscuras" e de ter "fobia em relação ao Uruguai".
Enquanto os vizinhos e aliados se debatem, o Mercosul mostra-se impotente para resolver diplomaticamente um conflito entre seus países-membros.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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