O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, prometeu hoje manter o arsenal nuclear do Reino Unido, afirmando ser perigoso desarmar o país unilateralmente, abrindo mão da dissuasão nuclear. Quatro novos submarinos armados com mísseis nucleares serão encomendados para substituir os atuais, que têm vida útil até 2004.
Numa concessão a dezenas de deputados do seu Partido Trabalhista que são contra armas atômicas, o primeiro-ministro prometeu cortar em 20% o número de ogivas nucleares, que cairia para menos de 160, e admitiu reduzir a frota de submarinos atômicos de quatro para três.
Blair argumentou que a dissuasão nuclear é uma garantia contra futuras ameaças, sobretudo dos chamados "países párias": "Não podemos ter certeza de que, nas décadas à frente, não surgirá uma grande ameaça nuclear a nossos interesses estratégicos. Há novas ameaças de países como a Coréia do Norte, que alega ter desenvolvimento armas nucleares, ou do Irã, que está violando suas obrigações de não-proliferação".
Além das cinco potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (Estados Unidos, Rússia, China, França e Grã-Bretanha), a Índia e o Paquistão realizaram testes com bombas atômicas em 1998, e acredita-se que Israel tenha entre 200 a 400 ogivas nucleares.
A Campanha para o Desarmamento Nuclear, que desde os anos 60 defendeu o desarmamento unilateral do Reino Unidos, e dezenas de deputados trabalhistas alegam que o país está contribuindo para a proliferação nuclear ao substituir os submarinos Trident, na sua opinião um gasto desnecessário desde o fim da Guerra Fria.
O custo dos quatro novos submarinos ficaria entre 15 e 20 bilhões de libras (quase US$ 30 bilhões a US$ 40 bilhões).
Se parte da bancada trabalhista se rebelar, Blair conta com o apoio da oposição conservadora, sempre mais linha-dura em questões de defesa.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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