A Arábia Saudita está se mobilizando para conter a crescente influência do Irã e do xiismo no mundo árabe, evitando a marginalização dos sunitas em áreas em crise como o Iraque o Líbano. O governo saudita estaria financiando grupos e facções rivais daqueles apoiados pelo Irã.
Na semana passada, um assessor de segurança da monarquia saudita revelou que o reino está armando e financiando grupos sunitas iraquianos para que se defendam das milícias xiitas, o que pode incentivar a guerra civil. Oficialmente, o regime saudita nega.
Analistas sauditas acreditam que o Irã está tentando ocupar o lugar tradicional dos sauditas no Oriente Médio, sobretudo como guardiães da religião. Nas últimas décadas, os sauditas usaram a riqueza do petróleo para fazer proselitismo político-religioso no mundo inteiro.
Mas a Arábia Saudita "não deixará que o Irã ocupe seu lugar como grande potência regional", afirma o jornalista saudit Dawoud al-Shirian. "O Irã está agindo como um país persa e não islâmico. Este conflito não é entre sunitas e xiitas, é o conflito árabe-persa".
A Arábia Saudita convidou o aiatolá xiita rebelde Muktada al-Sader, líder de uma das maiores milícias do Iraque, o Exército Mehdi, e o presidente do influente Comitê Sunita de Estudiosos Muçulmanos do Iraque, Harith al-Dari. No Líbano, apóia o primeiro-ministro Fuad Siniora. Na Palestina, os sauditas estão ao lado do presidente Mahmoud Abbas, da Organização para a Libertação da Palestina, contra o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).
Durante a Guerra Irã-Iraque (1980-88), os sauditas e as demais monarquias petroleiras árabes apoiaram Saddam Hussein contra o fundamentalismo muçulmano do aiatolá Khomeini. Depois da morte de Khomeini, em 1989, as relações melhoraram, levando a um reatamento diplomático em 1991.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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