quarta-feira, 13 de junho de 2018

RÚSSIA: riquíssima em energia e recursos naturais

Décima segunda maior economia do mundo, com produto interno bruto estimado em 2017 em US$ 1,527 trilhão pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a Rússia tem enormes recursos naturais, especialmente petróleo e gás natural.
Em 2017, cresceu 1,8%, depois de quedas de 0,2% em 2016 e de 2,8% em 2015, quando o país sentiu o impacto da forte baixa nos preços internacionais do petróleo e das sanções por causa da intervenção na Ucrânia e na anexação da Crimeia.
Os serviços respondem por 62,3% do PIB e 63% do emprego, a indústria por 32,4% da produção e 27,6% do emprego, enquanto a agricultura gera 4,7% da riqueza nacional e emprega 9,4% da mão de obra.
A renda per capita é de cerca de US$ 12 mil. A taxa de poupança interna foi de 26,6% do PIB em 2017. A carga fiscal em 2017 foi de 17,3% do PIB. A inflação em março de 2018 estava em 2,4% ao ano.
O índice de desemprego estava em 5,5% no fim de 2017. O salário mínimo é de 7,5 mil rublos por mês, cerca de US$ 126. O salário mensal médio subiu de US$ 80 no ano 2000 para US$ 967 em maio de 2013. Em março de 2018, estava em US$ 565. A alíquota do imposto de renda de pessoas físicas é de 13%.
Cerca de 13,3% dos russos viviam abaixo da linha da pobreza em 2015. Os 10% mais ricos eram responsáveis por 32,2% do consumo, e os 10% mais pobres por apenas 2,3%, em 2012.
O consumo doméstico é responsável por 52,4% do PIB, os gastos públicos por 17,8%, o investimento por 21,1%, as exportações por 25,6%, com um desconto de 19,4% por conta das importações.
A transição para a economia de mercado depois do fim da União Soviética foi bastante conturbada, com queda de 50% do PIB, desemprego e inflação elevados, o colapso do Estado e a erosão do valor de salários, aposentadorias e benefícios sociais.

CAPITALISMO SELVAGEM

As reformas econômicas da era pós-soviética privatizaram a maior parte da economia nos anos 1990s, com a exceção de setores estratégicos como energia e defesa.
No vácuo do colapso da máquina estatal soviética, um capitalismo selvagem levou a uma concentração brutal da riqueza nas mãos dos chamados “oligarcas”, na maioria ex-burocratas do Partido Comunista que compraram estatais por preços irrisórios, e ao empobrecimento generalizado do resto da população.

COLAPSO DO RUBLO

Num ambiente singular, em que as empresas não pagavam impostos, o valor dos salários e aposentadorias se evaporou, as companhias de serviços públicos não cobravam as contas, sob o impacto da Crise da Ásia de 1997, a Rússia parou de pagar a dívida pública em 17 de agosto de 1998.
Era uma crise anunciada. Desde o início daquele ano, a Bolsa de Valores de Moscou tinha caído 75%. O Banco Central queimara US$ 27 bilhões tentando manter a cotação do rublo em 7,1 por dólar. 
Antes da crise, US$ 5 bilhões enviados pelo FMI e o Banco Mundial foram roubados, como consta de documento do Banco Mundial Foreign Loans Diverted in Monster Money Laundering (Empréstimos Externos Desviados em Monstruosa Lavagem de Dinheiro), de 7/11/2010.
A economia russa foi ao colapso, ajudou a acelerar a fuga de capitais das economias até então consideradas emergentes, e a empurrar o Brasil para a desvalorização do real de janeiro de 1999. Mas a recuperação foi surpreendente.

RECUPERAÇÃO

O petróleo tinha caído abaixo de US$ 10 por barril com a queda no consumo causada pela crise asiática, uma das causas do colapso da Rússia (e da eleição de Hugo Chávez na Venezuela) em 1998, voltou a subir. Ficou em alta até julho de 2008, quando chegou ao recorde de US$ 147,50. E a maxidesvalorização do rublo de 7,1 para 31 por dólar encareceu as importações, revigorando a produção industrial.
Da moratória de agosto de 1998 até a crise de 2008, a Rússia viveu nove anos de crescimento ininterrupto, com média de 7% ao ano.

GRANDE RECESSÃO

A Grande Recessão de 2008-9 foi agravada pela guerra contra a ex-república soviética da Geórgia, em agosto de 2008. Ainda assim, o PIB cresceu 6% naquele ano. Com a queda nos preços e volumes de suas exportações de produtos primários, recuou 7,9% em 2009.
A Rússia saiu da recessão no terceiro trimestre de 2009. Nos últimos anos, cresceu 4,5% em 2010, 4,3% em 2011 e 3,4% em 2012. O ritmo atual de crescimento é de 1,2% ao ano. Alguns analistas já preveem que 3,5% será o máximo que o país poderá crescer sem reformas novas reformas liberalizantes.

OMC

Em 2012, depois de 15 anos de negociações, a Rússia entrou na Organização Mundial do Comércio (OMC).

AGRICULTURA

Com só 7% de terras cultiváveis, a agricultura contribui com 4,7% do PIB e 9,4% do emprego, com destaque para a produção de cereais, oleaginosas, carne, leite e derivados. 
Depois do fim da URSS, os colcozes, fazendas coletivas, e os sovcozes, fazendas estatais, continuaram funcionando como cooperativas. Só em 2001, a lei permitiu a propriedade individual da terra.

MINERAÇÃO

As indústrias de extração de carvão, gás, petróleo, metais e elementos químicos raros são importantes. 
A Rússia produz um sexto do minério de ferro extraído no mundo e de 10% a 20% de todos os metais preciosos, raros e não ferrosos. É grande produtora de chumbo, cobalto, cobre, cromo, manganês, níquel, ouro, platina, tungstênio, vanádio e zinco.

INDÚSTRIA

O setor manufatureiro mantém a tradição de indústria pesada da era soviética, com destaque para defesa, aviões de alta performance, naves e satélites espaciais, radares, estaleiros, equipamentos agrícolas e de telecomunicações, equipamentos de geração e transmissão de energia, equipamentos médicos e científicos.
Também são importantes os setores agroalimentício, químico e têxtil.
A produção industrial cresceu 1,1% em 2017.
A indústria responde por 32,4% do PIB e 27,6% do emprego. 

SERVIÇOS

Subdesenvolvidos na era soviética, os serviços passaram a representar mais da metade do PIB na virada do século, com destaque para o comércio e o turismo.
Os serviços são responsáveis por 62,3% do PIB e 63% do emprego. 
Cerca de 20 milhões de estrangeiros visitam a Rússia todos os anos, a maioria dos países vizinhos, especialmente das outras 14 ex-repúblicas soviéticas.

COMÉRCIO EXTERIOR

As exportações somaram US$ 357 bilhões em 2017, colocando a Rússia como 9ª maior exportadora mundial, com destaque para petróleo e derivados, gás natural, metais, madeiras e produtos de madeira, produtos químicos, armas e equipamentos de defesa, aviões, máquinas agrícolas e industriais.
Os maiores importadores de produtos russos foram a Holanda (10,5%), a China (10,3%), a Alemanha (7,8%), Turquia (5%) e Itália (4,4%).
As importações da Rússia totalizaram US$ 227 bilhões em 2017, com destaque para máquinas, veículos, produtos farmacêuticos, plásticos, semimanufaturados metálicos, carne, frutas e oleaginosas, instrumentos óticos, ferro e aço.
Os maiores exportadores para a Rússia foram a China (21,6%), a Alemanha (11%). EUA (6,3%)  e a Itália (5,5%).
O saldo comercial em 2017 foi de US$ 130 bilhões. O saldo em conta corrente, que também inclui o balanço de serviços e de transferências (doações), foi de US$ 81,3 bilhões. 
As reservas cambiais, de US$ 453,6 bilhões, eram as quintas maiores do mundo em março de 2018. A dívida externa estava em US$ 524,9 bilhões em março de 2018.

ENERGIA

A Rússia é grande exportadora de energia e a quinta maior produtora de eletricidade no mundo, com 1 trilhão de kWh em 2015.
É a terceira maior produtora de petróleo do mundo, depois dos EUA da Arábia Saudita, com uma produção de 11,24 milhões de barris por dia em 2016.
É a segunda maior produtora da gás natural, com 598,6 milhões de metros cúbicos em 2015, e a maior exportadora, com 197,7 milhões de metros cúbicos no mesmo ano.
Em 2016, além do petróleo e do gás natural, exportou 13,3 bilhões de kWh de energia elétrica.
Cerca de 70,2% da energia elétrica foram gerados por combustíveis fósseis em 2015. Outros 9,7% vieram da usinas nucleares e 19% de hidrelétricas.
A capacidade instalada, de 263,5 milhões de kW, é a 4ª maior do mundo, depois de China, EUA e Japão.

TRANSPORTES

 Em 2013, a Rússia tinha 1.218 aeroportos, o que a deixava em 5º lugar; o Brasil era o 2º, com 4.093. Dos aeroportos russos, 594 têm pistas pavimentadas.
A rede ferroviária russa era a 2ª do mundo em 2006, com 87.157 km, atrás dos EUA, com 225 mil km. Pela Ferrovia Transiberiana, passam as mais longas linhas de trem do planeta: Kiev-Vladivostok (11.085 km) e Moscou-Pyongyang (10.267 km).
A Rússia tem 1,283 milhão de quilômetros de estradas de rodagem, sendo 928 mil km pavimentados e 39 mil km de vias expressas. É a 8ª maior rede rodoviária do mundo, com 87 mil km; o Brasil tem a 4ª, com 1,581 milhão de km.
Há 102 mil km de hidrovias. A Marinha Mercante tinha 2.572 navios em 2017; era a 10ª do mundo; o Brasil era 28º.

TELECOMUNICAÇÕES

A Rússia tinha 32 milhões de telefones fixos em 2016, 9º lugar do mundo, enquanto o Brasil era o sexto com 41,8 milhões, e 231 milhões de telefones celulares ativos, 7º lugar do mundo, com o Brasil logo a frente com 244 milhões.
Em julho de 2016, 109 milhões de russos tinham acesso à Internet (76,4% da população, o que colocava o país em 7º lugar em número de usuários; o Brasil era o 5º, com 122,8 milhões.

CIÊNCIA

A ciência e a tecnologia se desenvolveram na Rússia a partir do reinado de Pedro I, o Grande (1672-1725), o czar modernizador e europeísta, que fundou a Academia de Ciências e a Universidade de São Petersburgo.
O matemático Nikolai Lobachevisky (1792-1856) foi chamado de “Copérnico da geometria”. O químico Dimitri Mendeleiev (1834-1907) criou a tabela periódica dos elementos. 
O fisiologista Ivan Pavlov (1849-1936) formulou a Teoria dos Reflexos Condicionados, sustentando que os seres humanos costumam repetir hábitos cotidianos automaticamente, por exemplo, ao ler ou dirigir, reagindo sem raciocinar. Ele dizia que o homem é um animal sujeito a reflexos condicionados e inibições.
Igor Sikorsky, que emigrou para os EUA em 1919, depois da revolução comunista, foi pioneiro no design de aviões e helicópteros.
Vladimir Zworykin (1888-1982), engenheiro que fugiu para os EUA em 1918, considerado o “pai da televisão”, inventou um sistema de receber imagens usando um tubo de raios catódicos. Em 1923, ele patenteou os “sistemas de televisão”.
Zworykin tinha fama de odiar o resultado prático de sua invenção: a programação da TV. “Jamais deixaria meus filhos assistirem”, é uma frase atribuída a ele. Qual sua parte favorita no aparelho? “O botão de desligar”.
Oleg Antonov (1906-84), Serguei Ilyushin (1894-1977), Mikhail Gurevitch (1893-1976), Artem Mikoyan (1905-70), Pavel Sukhoi (1895-1975) e Andrei Tupolev (1888-1972) foram projetistas dos aviões Antonov, Ilyushin, MiG, Sukhoi e Tupolev.
Mikhail Kalachnikov desenhou os fuzis de assalto Kalachnikov, AK-47 e AK-74, mais produzidos do que todos os outros fuzis de guerra juntos.
O físico Andrei Sakharov (1921-89), considerado o “pai da bomba atômica soviética”, se transformou num dissidente, defensor dos direitos humanos e das liberdades civis. O Prêmio Sakharov é o mais importante do Parlamento Europeu para direitos humanos.

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