terça-feira, 8 de abril de 2014

Oposição impõe condições ao diálogo na Venezuela

Durante reunião de uma hora com ministros do Exterior de países da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), entre eles o chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, a oposição da Venezuela fez exigências para participar de um diálogo com o presidente Nicolás Maduro:
• anistia para os presos políticos,
• restituição do cargo aos prefeitos oposicionistas afastados,
• desmobilização das milícias chavistas,
• criação de uma comissão da verdade independente para investigar 39 mortes ocorridas em manifestações de protestos nos últimos dois meses;
• e transmissão do primeiro encontro ao vivo pela televisão.

"Estamos dispostos a um diálogo verdadeiro, com uma agenda clara, em igualdade de condições", diz a carta entregue pela Mesa da Unidade Democrática (MUD) aos oito chanceleres da Unasul.

Nos últimos dias, a polícia reprimiu com violência um protesto estudantil na Universidade Central da Venezuela (UCV), em Caracas. Ontem, opresidente da Federação dos Centros Universitários, Juan Requesens, denunciou várias ameaças de morte contra líderes universitários.

Dois ativistas ligados ao partido oposicionista Vontade Popular foram mortos a tiros na capital venezuelana no fim de semana. A jornalista Nairobi Pinto, do canal de TV privado Globovisión, foi sequestrada diante de casa por homens armados e encapuzados.

Em entrevista ao programa Roda Vida, da TV Cultura, gravada na sexta-feira e apresentada ontem, a deputada cassada ilegalmente María Corina Machado, da Vontade Popular, questionou a proposta de diálogo do presidente: "Primeiro, precisa ficar clara que não é uma manobra de Maduro para ganhar tempo e legitimidade. Exigimos que libertem todos os presos políticos, que cesse a repressão, que desarticulem os grupos criminosos e restituam os cargos aos prefeitos cassados."

María Corina lamentou não ter recebido "nenhuma solidariedade" do governo brasileiro. O chanceler Figueiredo chegou ao cúmulo de comparar a situação da Venezuela com o Brasil de 1964, sugerindo aos oposicionistas para que se acomodassem porque a situação aqui tinha sido muito pior, como se isso fosse um argumento lógico e razoável.

Cerca de 55% dos venezuelanos pensam que o governo Maduro "não é democrático" e 70% acreditam que a melhor saída para o país seria antecipar a eleição presidencial, indica pesquisa do Instituto Venezuelano de Análise de Dados publicada pelo jornal El Universal.

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