sábado, 10 de junho de 2006

Chávez combate invasão simulada de tanques anfíbios brasileiros

As Forças Armadas da Venezuela realizaram nesta semana sua maior mobilização desde 1999, quando o país foi arrasado por avalanches. Desta vez, o inimigo não eram as forças da natureza mas um Exército invasor.

Na vanguarda das forças inimigas, vinha um comboio de veículos anfíbios brasileiros, revela o jornal espanhol El País. Mas o inimigo imaginário do presidente Hugo Chávez não é Brasil e, sim, os Estados Unidos, que dispõem de equipamentos militares muito mais sofisticados. Pela primeira vez, foram usados helicópteros MI-17 comprados na Rússia.

A preparação para rechaçar uma improvável intervenção militar americana é o centro da nova doutrina de defesa da Venezuela proposta por Chávez.

O objetivo é treinar a população civil para resistir a uma invasão com atos de sabotagem e de insurgência que compensem a vantagem de um inimigo muito superior em número de soldados, armas e tecnologia. Participaram dos exercícios as quatro armas das Forças Armadas da Venezuela (Exército, Marinha, Aeronáutica e Guarda Nacional), reservistas e a Guarda Territorial.

A Reserva Nacional é formada por” quem fez o serviço militar ou cursos intensivos para jovens estudantes e trabalhadores. Na Guarda Territorial, há gente de todas as idades. A única exigência é colaborar na retaguarda em caso de guerra ou catástrofe.

Para os oponentes de Chávez, é mera propaganda para as eleições de dezembro, quando acredita-se que o caudilho venezuelano conquistará mais um mandato de seis anos para levar adiante sua “revolução bolivarista” e criar um mal definido “socialismo do século 21”.

O contra-almirante Mario Carratú observou que os anfíbios brasileiros estão muito longe de se parecer com o equipamento que seria utilizado numa invasão americana. Ele acredita que os venezuelanos não agüentariam um ataque dos EUA por mais de quatro anos.

Do lado governamental, Vladímir Acosta lamentou a atitude do antigo chefe militar e interpretou-a a sua maneira: “É importante destacar que até estes sujeitos começam a levar a sério a ameaça de uma invasão. Há pouco tempo, costumam rir das advertencies. Devem saber de algo.”

Chávez foi alvo de uma tentativa de golpe de direita apoiada pelos EUA em 12 de abril de 2002. Mas a paranoia da invasão americana é habilmente manejada pelo presidente venezuelano para encurralar a oposição, acusando de traidora e entreguista.

Não há risco real de invasão americana na Venezuela. Os EUA estão atolados no Iraque e muito mais preocupados com o programa nuclear do Irã do que com Chávez. Mas o ex-oficial golpista brande uma feroz retórica antiimperalista e antiamericana para militarizar o país e transformar adversários politicos em inimigos da pátria, num estilo fascistóide. Mas o caudilhismo tem muito mais a ver com o passado do que com o futuro da América Latina.

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