quinta-feira, 22 de junho de 2006

Retirada do Iraque daria vitória a terroristas, diz vice-presidente dos EUA

Uma retirada americana dos Iraque “seria o pior possível”, afirmou hoje o vice-presidente Dick Cheney em entrevista a John King na rede de televisão CNN. Ele falou no dia em que o Sebadi rejeitou duas moções da oposição democrata propondo a retirada das forças dos Estados Unidos no Iraque.

Com seu estilo linha-dura, Cheney criticou a proposta democrata de marcar uma data para o fim da ocupação do Iraque: “Na prática, ela valida a estratégia dos terroristas. Você deve se lembrar que gente como Ossama ben Laden, o pessoal d’al Caeda, tipos como [Abu Mussab al] Zarkawi, que atuava no Iraque, apostam que eles pode dobrar a vontade dos EUA. Eles não têm como nos derrotar militarmente. Toda sua estratégia, se você observar o que Ben Laden vem dizendo há 10 anos, consiste em acreditar que eles podem nos forçar a sair, que um dia ficaremos cansados da luta, que não temos estômago para uma batalha dura e prolongada e que vamos fazer as malas e voltar para casa.”

Para o vice-presidente dos EUA, “isto seria arrasador para a guerra global contra o terror. Afetaria o que acontece no Afeganistão. Tornaria difícil persuadir os iranianos a abandonar sua aspiração de possuir armas nucleares. Ameaçaria a estabilidade de regimes como o de [general Pervez] Musharraf no Paquistão e da família real Saud na Arábia Saudita. É definitivamente o pior possível”.

O chamado Darth Vader (referência ao vilão da série de filmes Guerra nas Estrelas) do governo George Walker Bush, considerado o mais poderoso vice da História dos EUA, alega que “estamos num conflito global. Não é apenas sobre o Iraque. Vimos nos últimos cinco anos ataques em todo o mundo, de Nova Iorque e Washington a Jacarta, na Indonésia. Progressivamente temos de ir atrás dos terroristas, dos países que patrocinam terroristas, levando a luta ao inimigo é essencial para defender os EUA”.

Dick Cheney disse ainda que a retirada seria uma traição para quem está do lado dos EUA na luta contra muçulmanos extremistas e radicais como Ben Laden e Al Caeda: “O que aconteceria com os 12 milhões de iraquianos que foram às urnas apesar das ameaças de ataques e de carros-bomba. O que aconteceria com 250 mil iraquianos das forças de segurança que treinamos?”

Se a moção apresentada pelo deputado democrata John Murtha, marcando uma data para a retirada, tivesse sido aprovada, raciocina o vice de Bush, “não completaríamos a missão. Teríamos preparado a situação na qual Al Caeda pode vencer. Eles planejam criar um califado que se estenda da Espanha à Indonésia, chutar os Estados Unidos do Oriente Médio, destruir Israel e derrubar a maioria dos regimes daquela região. Farão qualquer coisa para atingir seus objetivos.”

Ao defender a estratégia americana na luta contra o terror, Cheney sustentou que os EUA já libertaram 50 milhões de pessoas derrubando os regimes de Saddam Hussein e dos talebã, “dois dos piores regimes dos tempos modernos, uma conquista muito significativa”.

Na sua opinião, “ não faz sentido pensar que recuar, abandonar o Oriente Médio, deixar o Iraque, nos dará garantia de segurança em casa. O 11 de setembro acabou com isso. Perdemos 3 mil pessoas naquele dia. Dezenove homens, terroristas armados com estiletes de cortar caixas de papelão, vieram até os EUA e causaram um enorme estrago. Se recuarmos, eles ocuparão o espaço, não interessa onde seja. Este é um conflito global. Vimos ataques em Londres, Casablanca, Madri, Istambul e Mombaça. Eles continurarão, estejamos ou não no Iraque. O Iraque se tornou um refúgio para terroristas e será usado para lançar ataques contra nossos amigos e aliados em outras partes do mundo”.

Cheney manifestou preocupação com o possível teste de um míssil de longo alcance pela Coréia do Norte: “Este é um regime que não é transparente, que acreditamos que esteja desenvolvendo armas nucleares e que agora colocou um míssil numa base de lançamento sem dizer do que se trata.”

Quanto ao programa nuclear do Irã, o vice declara que “estamos procurando uma solução diplomática mas não tiramos nenhuma opção da mesa”, ou seja, não exclui a possibilidade de uso da força.

O vice-presidente americano defendeu o programa de monitoramento, assim como a invasão do Iraque, como “políticas essenciais para a nação. Nem eu nem o presidente somos candidatos a nada. Fazemos o que achamos que é certo”.

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