A República Islâmica do Irã aceita “limitar” seu programa nuclear, disseram altos funcionários do regime ao jornal inglês Financial Times. Mas não vai suspender o enriquecimento de urânio, como exigem os Estados Unidos, como precondição para iniciar negociações com as cinco potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, Rússia, China, França e Grã-Bretanha) e a Alemanha.
Dentro de duas semanas, o Irã deve responder oficialmente à proposta que incluiu um reator nuclear de água leve e concessões comerciais em troca do abandono de suas pretensões nucleares. O regime dos aiatolás espera contar com o apoio da Rússia e da China, que resistiram à pressão americana para impor sanções ao Irã, para negociar sem precondições.
Para aliviar a tensão criada pela alegação americana de que o Irã está desenvolvendo armas nucleares, o Irã pediu ajuda à Arábia Saudita. O ministro do Exterior saudita, príncipe Saud al-Faiçal, encontrou-se com o supremo líder espiritual do Irã, aiatolá Ali Khamenei, e, na última sexta-feira a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, falou em “declarações positivas” do Irã.
Quando os EUA anunciaram a intenção de negociar diretamente com o Irã, os analistas viram o gesto como uma tentativa de isolar a república islâmica e acabar com a resistência da China e da Rússia às sanções.
Khameni não teria gostado muito da proposta das grandes potências mas “cerca de 70% da cúpula iraniana estão preparados para aceitar, sob pressão, a redução do número de centrífugas”. O presidente radical Mahmoud Ahmadinejad está com a minoria.
“A proposta ocidental aceita o direito do Irã à energia nuclear”, observou um dos altos funcionários citados anonimamente pelo FT. “O próximo passou é aceitar o enriquecimento de urânio e acabar com o exagero”.
O Irã limitaria o enriquecimento de urânio a três grupos de 164 centrífugas. A maior parte do urânio para as usinas nucleares iranianas seria enriquecida na Rússia, com base numa proposta apresentada por Moscou no início do ano. “O resultado seria uma combinação das propostas russa e européia, com seis ou sete anos para criar confiança entre as partes”, concluiu o iraniano.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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