Em nova gravação divulgada pela TV árabe Al Jazira nesta sexta-feira, o segundo homem na hierarquia da rede terrorista Al Caeda, o egípcio Ayman al-Zawahiri, prestou uma homenagem ao líder do grupo no Iraque, Abu Mussab al-Zarkawi, morto em 7 de junho perto da cidade de Bacuba por um bombardeio americano.
"Expressamos as condolências da nação muçulmana por um de seus maiores soldados, um de seus heróis, um de seus estudiosos, nosso irmão e mártir Abu Mussab al-Zarkawi", disse o lugar-tenente de Ossama ben Laden, considerado o principal estratregista da Caeda.
De turbante preto, sinal de luto, Al-Zawahiri falou, tendo como fundo uma foto de Zarkawi, que comandava uma onda terrorista com bombas, degolas e assassinatos de americanos, iraquianos e estrangeiros que cooperassem de alguma forma com a ocupação do Iraque pelos Estados Unidos.
"Que Deus guarde sua alma e o deixe residir no seus vastos paraísos, e faça do seu martírio uma luz para os aliados de Deus e fogo e destruição para os inimigos de Deus, os cruzados e seus agentes traidores e os charlatães que exploram a religião", vociferou o maior aliado e médico pessoal de Ben Laden. "Não haverá um companheiro morto pelo qual não nos vingaremos, se Deus quiser."
Num tom ameaçador, acrescentou: "Sonhem quanto quiserem com sua segurança."
Para a especialista em mundo árabe da rede de TV americana CNN, Octavia Nasr, a mensagem é mais um apelo para arregimentar as tropas e atrair aliados para a 'guerra santa' contra os EUA e seus aliados.
Zawahiri atacou duramente o primeiro-ministro Nuri al-Maliki e o embaixador americano no Iraque, Zalmay Khalilzad, "as duas pessoas que queriam ser os primeiros a anunciar a notícia [da morte de Zarkawi] ao mundo".
Para o líder terrorista, "este anúncio resume as questões centrais da luta do Islã contra os cruzados no Iraque. Zalmay Khailzad, é um apóstata afegão que abandonou seu pai e migrou para a América para se jogar aos pés dos fundamentalistas sionistas. Por outro lado, temos Nuri al-Maliki, que está trocando o Islã por poder e um cargo. Ele negociou com os cruzados invadores antes da ocupação, abandonando a 'charia' (lei islâmica) e opondo-se à resistência contra a ocupação, e até mesmo lutando contra os mujahedins sob a bandeira da cruzada de Bush."
Ao comparar a morte do líder da Caeda no Iraque com as perdas dos Estados Unidos na guerra, perguntou: "Digam-me por que os muçulmanos odeiam vocês. Digam-me como seus soldados bêbados e fujões são mortos. Digam-me quando foram mortos de verdade, quanto sua economia perdeu realmente e como o moral de seus soldados está baixo. E não só isso, digam-me por que os muçulmanos odeiam tanto vocês e por que são tão odiados por suas vítimas inocentes no mundo inteiro", disparou Zawahiri, em sua segunda mensagem nesta semana. Antes, ele convocara os afegãos a lutar contra os EUA e seus aliados, especialmente o governo do presidente Hamid Karzai.
"Bush mente quando diz que vocês vencerão quando matarem Ossama ben laden ou o mulá Omar e os membros do Talebã e da Caeda", desafiou o principal estrategista da rede terrorista. "Ele se esconde atrás de suas mentiras, se esconde atrás da verdadeira catástrofe que vocês estão enfrentando. Vocês não estão enfrentado indíviduos ou organização. Na realidade, estão enfrentando a nação muçulmana, em cuja alma habita o espírito da jihad".
Os EUA já tentaram matar o segundo homem da Caeda num bombardeio aéreo contra Damadola, no Paquistão, em janeiro. Dezessete pessoas morreram, inclusive quatro militantes da rede terrorista. Mas Zarkawi não estava lá. Sua mulher e seu filho foram mortos num ataque aéreo americano no Afeganistão.
Pouco depois, ele mandou sua resposta via al Jazira: "Encontrarei minha morte quando Deus quiser. Bush, você sabe onde estou? Estou entre as massas árabes, desfrutando de seus cuidados com as bênçãos de Deus, e participando com ela da guerra santa contra você até sua derrota."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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